Consulado dos EUA reforça pessoal antes de reunião da Comissão Bilateral nos Açores

Margaret C. Campbell Cônsul dos Estados Unidos da América nos Açores revela que o consulado terá mais um oficial norte-americano, realçando a importância da relação com a Região


Autor: Ana Carvalho Melo
Que balanço faz da atividade como cônsul dos Estados Unidos da América (EUA) nos Açores?
É uma honra estar no consulado mais antigo em operação contínua no mundo e ter uma equipa com tanta experiência. Eu sinto que os açorianos são muito semelhantes aos americanos, não só devido à distancia que nos separa, mas também devido às ligações familiares.

Que trabalho tem feito, enquanto representante do Governo dos EUA na Região?
Tenho estado a trabalhar com o Programa Fulbright (que oferece oportunidades de intercâmbio de professores, investigadores e estudantes) e fui surpreendida com o aumento do número de candidatos norte-americanos que querem estudar aqui nos Açores. No mês passado, eu participei no processo de seleção e já selecionamos os dois estudantes americanos que vão estudar nos Açores.

Nota que cada vez há mais norte-americanos interessados nos Açores?
Em 2021 os Açores receberam 18.656 turistas americanos. No ano passado triplicamos esse número para 58.932 turistas americanos. É um numero impressionante.
Eu também li que, de acordo com Idealista, os cidadãos norte-americanos são os que mais procuram casas para comprar e alugar aqui. Tenho recebido muitos visitantes oficiais, mas também familiares e, por exemplo, o meu primo depois de nos visitar disse que também gostaria de morar nos Açores e até procurou uma casa.
Temos também americanos que decidem trabalhar nos Açores, como nómadas digitais.
Os Açores são um paraíso.

Como vê o futuro da relação dos EUA com os Açores?
Eu acho que a relação dos EUA com os Açores vai ser sempre importante, não só devido à posição geoestratégica, mas também porque somos povos que partilham muitos valores. Os Estados Unidos e os Açores têm uma história comum mas também um futuro.

Eu estou sempre a pensar em oportunidades para empresas americanas nos Açores, assim como em trazê-las para visitarem a Região e desenvolverem ligações.

Recentemente recebemos a visita do navio irmão da Sagres, o Cutter Eagle da Guarda Costeira Norte-Americana em Ponta Delgada, que é o maior veleiro e o único “square-rigger” ativo do governo dos Estados Unidos da América.

Também existem outras áreas em que podemos trabalhar juntos. Os colegas das Lajes revelaram-me que 1,5 vidas são salvas no mar por dia num trabalho de cooperação entre Portugal e os EUA em operações de busca e salvamento e evacuações médicas.

Há muito que podemos fazer juntos e uma boa notícia é que vamos receber mais um oficial americano no Consulado de Ponta Delgada, reforçando a nossa presença aqui nos Açores. Este oficial vai chegar no outono, antes da reunião da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América que se vai realizar nos Açores.

Este reforço vem mostrar que este consulado não só é importante historicamente, mas também no futuro.

A guerra na Ucrânia veio trazer maior importância à região, onde os EUA têm uma base militar?
A importância da Base das Lajes não vai mudar, vai continuar a ser muito importante. Eu quando estou em Lisboa digo sempre que, apesar de ser diplomata americana, moro aqui e quero que se reconheça que os Açores receberam mais de 200 refugiados ucranianos. Como tal temos de trabalhar juntos e ser aliados nesta guerra. E eu sei que vamos continuar aliados e que os oficiais nas Lajes vão continuar a trabalhar juntos com a força aérea portuguesa.

Como tem sido a relação com a comunidade local?
Eu acho que é muito forte. Eu e a minha família estamos a integrar-nos muito bem. Eu já visitei cinco ilhas, mas tenho percebido que há também muitos açorianos que vivem nos EUA.

Por isso nas próximas duas semanas eu vou estar em New Bedford, Massachusetts, onde vou aproveitar para visitar o Museu da Baleação e falar com um grupo de senadores do estado de Massachusetts que já esteve nos Açores. Eu estou a tentar compreender melhor a comunidade da diáspora nos EUA.

Aqui as pessoas dizem-me muito que toda a gente tem relação com New Bedford, mas eu nunca tinha ouvido falar de New Bedford antes. No entanto, descobri em conversa com o meu pai que também eu tenho um familiar que trabalhou com os açorianos durante a época da baleação em New Bedford. Por isso eu também acabo por também uma relação com os Açores . Se calhar é por isso que me sinto tão em casa aqui.