Consórcio apresenta roteiro para a descarbonização
10 de abr. de 2025, 09:13
— Rafael Dutra
Um conjunto de empresários do setor agroalimentar, mas não só, tiveram, na sede da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada
(CCIPD), uma sessão de capacitação no âmbito do “Roteiro para a
Descarbonização do Setor Agroalimentar”, projeto financiado pelo Plano
de Recuperação e Resiliência (PRR).A CCIPD integra o consórcio que
está a realizar o projeto, liderado pela PortugalFoods, que tem o apoio
científico e técnico de entidades como o Instituto de Ciência e Inovação
em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), o Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC
TEC), a Universidade Católica Portuguesa (UCP) e o Colab4Food.Este
roteiro, de acordo com a investigadora do INESC TEC, que foi uma
oradora desta sessão, tem o objetivo de indicar medidas que podem ser
implementadas dentro do setor industrial de transformação de alimentos e
bebidas, em três aspetos: na vertente da energia das emissões, na
vertente da digitalização e na vertente da economia circular.“O que
apresentamos aqui hoje foi simplesmente a parte da energia e das
emissões. O documento final terá também orientações nas outras duas
áreas. A ideia aqui é mostrarmos quais são as trajetórias, o tipo de
alterações que as empresas, que o setor pode fazer e isto pode
traduzir-se a nível das empresas, de modo a conseguirem fazer uma
redução de emissões, de gases com efeito de estufa, dentro daquilo que
são os objetivos europeus, nacionais e depois regionais”, explica
Zenaida Mourão.Este documento, serve quase como “uma receita”,
prossegue a investigadora, através do qual as empresas conseguem reduzir
as suas emissões, e conseguem perceber que tipo de tecnologia ou
medidas podem implementar para que depois consigam efetivamente chegar, a
este objetivo, em 25 anos.Esta parte mais da tecnologia,
apresentada pelo INEGI, vai em detalhe sobre que tecnologias permitem
determinado tipo de poupança, seja em termos económico, seja depois
relativamente à redução de emissões.Segundo Zenaida Mourão, esta é
uma transição, que se não for efetuada terá custos adicionais, tendo em
conta que, depois de visualizar os resultados “globais”, foi possível
assinalar que “não fazer nada custa mais” às empresas.“O pior que
podemos fazer é não fazermos transição nenhuma. Quanto mais ambiciosa
for a transição, em termos de custo de transição, também essa componente
será aquela que, como um todo, vai permitir termos custos de transição
menores”, sustenta.Apesar de indicar que toda a informação
apresentada, ontem, aos empresários açorianos, é aplicável a qualquer
indústria, a investigadora realçou que será feito um trabalho em
conjunto com o Governo dos Açores, de forma a receber alguma informação,
para que este documento possa também seradaptado à realidade regional.“A
nossa ideia agora é tentar adaptar o que temos a nível nacional para
uma escala mais regional e, em princípio, desde que consigamos ter
acesso a alguns dados base, deve ser possível fazermos essa adaptação.
Aí [o Roteiro para a Descarbonização do Setor Agroalimentar] será muito
mais próximo do que é a realidade das empresas nos Açores”, acrescentou a
investigadora do INESC TEC.Além do INESC TEC, esta sessão de
capacitação teve também oradores do INEGI e testemunhos de empresários
que já implementam medidas deste género nas suas empresas, mas também a
participação de Joana Rita e Bruno Belo, diretores regionais da Energia e
do Empreendedorismo e Competitividade, respetivamente.