Conselho Nacional do PSD decide esta quinta-feira se renova confiança a Rui Rio
17 de jan. de 2019, 10:21
— Lusa/AO Online
A questão política
poderá ficar ensombrada pela polémica jurídica, depois de nos últimos
dias, apoiantes e opositores da direção terem trocado argumentos sobre a
forma de votação da moção – voto secreto, braço no ar ou até nominal.A
reunião, com início marcado para as 17 horas (menos um nos Açores), num hotel no Porto,
arrancará com o discurso do presidente do partido, Rui Rio, que
justificará perante os conselheiros os seus argumentos em favor da
manutenção da confiança da direção, que vai a meio do seu mandato.Segue-se um período de intervenções que deverá demorar várias horas (está prevista uma interrupção dos trabalhos para jantar).Encerradas
as inscrições, será o momento de votação, determinando o artigo 68.º
dos estatutos do PSD que “as moções de confiança são apresentadas pelas
Comissões Políticas e a sua rejeição implica a demissão do órgão
apresentante”.Será
neste ponto que a discussão poderá aquecer, com dois requerimentos
distintos sobre a forma de votar o texto: um dos críticos de Rio que
pedirão a votação secreta e outro já assumido pelo antigo presidente da
Assembleia da República Mota Amaral que pedirá o voto nominal.A
votação nominal não está prevista nem nos estatutos do PSD nem no
regulamento do Conselho Nacional, que estabelece que as votações neste
órgão se realizam, em regra, por braço no ar, com três exceções:
eleições, deliberações sobre a situação de qualquer membro do Conselho
Nacional e “deliberações em que tal seja solicitado, a requerimento de
pelo menos um décimo dos membros do Conselho Nacional presentes”.O
presidente do Conselho Nacional, Paulo Mota Pinto, tem remetido
qualquer discussão sobre “a condução dos trabalhos e a votação” para a
própria reunião, só se pronunciando “perante os conselheiros reunidos”.A
reunião da “clarificação”, como tem sido apelidada por muitos notáveis
do PSD, acontece menos de uma semana depois de o antigo líder
parlamentar Luís Montenegro ter desafiado Rio a “não ter medo” e
convocar eleições diretas antecipadas – em que seria candidato -, na
passada sexta-feira.A
resposta de Rio chegou um dia depois, no sábado: “A minha resposta é
não”, disse o presidente do partido, que anunciou, contudo, que iria
sujeitar a sua direção a uma moção de confiança.Montenegro
acusou Rio de ter falhado em toda a linha no primeiro ano do seu
mandato, e justificou a candidatura com o objetivo de “salvar o PSD do
abismo”.Na
resposta, o presidente do partido acusou o antigo líder parlamentar de
“golpe palaciano” e de estar a prestar um serviço de “primeiríssima
qualidade ao PS e António Costa”.Esta
semana, os dois protagonistas da crise interna fizeram percursos
diferentes: Rui Rio dedicou a semana às empresas e recusou voltar a
falar da situação partidária antes da reunião de quinta-feira.Já
Luís Montenegro deu entrevistas a dois canais televisivos, onde chegou a
dizer que uma aprovação da moção de confiança a Rio não significaria
uma derrota política sua, uma vez que pediu a clarificação em diretas e
não pelo Conselho Nacional.Ainda
assim, um dos seus apoiantes, Almeida Henriques, membro da mesa do
Conselho Nacional, já fez um requerimento a Paulo Mota Pinto para que
Luís Montenegro possa ser convidado falar na reunião daquele órgão, onde
não tem assento nem como membro nem como participante.A
decisão sobre o destino da moção de confiança estará na mão dos 136
membros do Conselho Nacional, metade eleitos, e quase outros tantos por
inerência.Integram
este órgão sete elementos da Mesa do Congresso (que constituem também a
Mesa do Conselho Nacional), 70 membros eleitos, dez representantes da
Juventude Social-Democrata, cinco representantes dos Trabalhadores
Sociais-Democratas, cinco representantes dos Autarcas
Sociais-Democratas, os 19 presidentes de distritais, quatro
representantes das Comissões Políticas Regionais (dois dos Açores, dois
da Madeira) e quatro representantes dos círculos eleitorais da
emigração.A
estes, somam-se “os militantes antigos Presidentes da Comissão Política
Nacional” – são dez os antigos líderes ainda vivos e a militar no PSD,
mas Marcelo Rebelo de Sousa tem a militância suspensa - e “os que
desempenhem ou tenham desempenhado os cargos de Presidente da República,
Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro” – apenas se
soma Assunção Esteves na qualidade de antiga presidente do parlamento,
já que os restantes foram também presidentes do partido - e os dois
antigos presidentes dos Governos das Regiões Autónomas dos Açores e da
Madeira (Mota Amaral e Alberto João Jardim).Destes, apenas Mota Amaral confirmou que iria marcar presença no Porto.Nas
reuniões do Conselho Nacional participam, sem direito de voto, a
Comissão Política Nacional, o Conselho de Jurisdição Nacional, a direção
do Grupo Parlamentar, o Coordenador do Grupo dos Deputados do PSD no
Parlamento Europeu e a Comissão Nacional de Auditoria Financeira.