Conselho Económico Social defende instrumento mais ativo para saída da crise
OE2021
10 de nov. de 2020, 11:44
— Lusa/AO Online
“O
CES considera que, nesta fase da vida do país, o Orçamento do
Estado deveria ser um instrumento mais ativo para a saída da crise, com
características assumidamente mais expansionistas”, é defendido no
parecer sobre o Orçamento do Estado (OE) que o Plenário do Conselho
Económico e Social (CES) vai discutir e aprovar.O
documento, a que a agência Lusa teve acesso, refere que a forma como
a política orçamental é apresentada “não permite encontrar a formulação
clara de uma estratégia para o desenvolvimento do país, no âmbito dos
cenários apresentados para o contexto internacional e da evolução
previsível da pandemia covid-19”.“Em
particular, a forma como o setor da Saúde é tratado no Orçamento do
Estado é pouco cuidada, confusa e incapaz de comunicar a prioridade que
se pretende dar ao reforço do Serviço Nacional de Saúde”, critica a
proposta de parecer, que ainda pode sofrer alterações na reunião de
hoje. Segundo o parecer do CES, o OE para
2021 “é apresentado como o instrumento fundamental para a prossecução de
políticas públicas de apoio às pessoas e à sustentabilidade do
emprego”, mas limita-se a enunciar um conjunto de medidas.“Para
além do enunciado de um conjunto de medidas, não é feita a ponte entre
as intervenções de curto prazo e o relançamento da economia numa
perspetiva de médio e longo prazos”, diz o parecer que teve como relator
o conselheiro Adriano Pimpão. O CES chama
também a atenção para a evolução da dívida pública e do constrangimento
que isso pode representar para a recuperação económica, no quadro das
regras orçamentais europeias.O Conselho
considera ainda que a política fiscal prevista no OE para 2021 não
conduz à redução da carga fiscal nem na incidência fiscal e manifesta o
receio de que se venha a agravar a “justiça fiscal em relação aos
rendimentos do trabalho e à consequente penalização das classes de
rendimentos médios e baixos”.No seu parecer o CES critica ainda a falta de informação na área da segurança social.“Na
proposta de OE existem capítulos dedicados à Segurança Social, mas
quase sempre numa ótica financeira, nomeadamente quanto à sua
sustentabilidade, o que é obviamente importante. Contudo, para além
dessa ótica, justificar-se-ia uma maior ênfase na componente do apoio às
pessoas e famílias”, diz o documento.O
CES salienta, a propósito, o importante papel da Segurança Social no
atual contexto, nomeadamente no apoio ao emprego e às empresas, aos
desempregados e às famílias, à Rede de Serviços e Equipamentos Sociais e
à Rede Nacional de Cuidados Continuados.Para
o CES é também importante que o OE explicite de forma clara as
consequências orçamentais para os vários níveis da Administração
(Central, Regional e Local), decorrentes do processo de transferência de
competências.