Conselho de Opinião da RTP recomenda permanência de serviços comerciais próprios nos Açores e Madeira
1 de jul. de 2021, 10:06
— Lusa/AO Online
O órgão,
liderado por Manuel Coelho da Silva, recomenda que "sejam tratadas com a
devida autonomia e relevância" algumas matérias, entre as quais "a
permanência e dinamização de serviços comerciais próprios nos Centros
Regionais dos Açores e Madeira", de acordo com o parecer que a Lusa
teve acesso.Recomenda
também que "seja feito um esforço para que a RTP Internacional venha a
ter uma mais ampla e destacada cobertura no Brasil e em todo o
território de Timor", como também "o reforço da importância no serviço
público da língua portuguesa, enquanto língua utilizada por centenas de
milhões de falantes".O
Conselho de Opinião defende a "necessidade de reforço e clarificação do
papel da rádio pública no quadro da segurança contra catástrofes e a
manutenção da rede própria de emissores, praticamente ausentes do atual
texto do Contrato de Concessão" e a "garantia que é cumprida a cobertura
rádio" de todo o território nacional, sem interferências, nem
diminuição de potências dos seus emissores, "garantindo-se, igualmente,
que seja ouvida nos túneis rodoviários de maior extensão".Outra
das matérias recomendas é que seja criada "uma obrigação autónoma e
específica, devidamente enquadrada pela Carta de Recomendações da União
Europeia aos Estados-membros, que promova o bem-estar dos animais,
enquanto seres sensíveis, respeitando simultaneamente disposições
legislativas o administrativas e os costumes do País, nomeadamente, em
matéria de ritos religiosos, tradições culturais e património regional".O
órgão defende também a "obrigatoriedade de o Conselho de Opinião e de o
Conselho Geral Independente [CGI] terem orçamento próprios, pois, a
inexistência de um orçamento próprio não só constitui uma má prática de
funcionamento e relação institucional, como também não promove uma plena
autonomia no exercício das suas funções". Além
disso, lê-se no parecer, "o modelo atual está em divergência com as
melhores práticas europeias a internacionais ao nível do funcionamento
de órgãos congéneres".A
criação de uma base de monitorização independente da RTP e do poder
político a divulgar em tempo útil, dos serviços informativos, de
programas, de investimento e financeiros, "comparando o investimento
prometido com o executado, bem como as obrigações referentes à inovação,
diversidade de conteúdos, programação para as minorias, de programas em
língua portuguesa e para pessoas portadoras de deficiência,
estabelecendo esse confronto" é outra das recomendações.Recomenda
ainda que seja assegurado que "as auditorias externas são produzidas e
divulgadas em tempo útil e incluir indicadores mais objetivos do
cumprimento do Contrato de Concessão, quer em termos quantitativos (por
exemplo, investimentos e recursos alocados às atividades em concreto) e
qualitativos (por exemplo, evidências das atividades realizadas e
assumidas em sede de Contrato de Concessão) e, particularmente, que
através de avaliações regulares se possam apresentar aos portugueses a
correspondência entre os recursos financeiros investidos e os serviços
efetivamente prestados e a sua aceitação".A
clarificação das responsabilidades pessoais a aplicar, quando resultam,
por negligências graves dos seus respetivos promotores, prejuízos ou
coimas para a RTP e a obrigatoriedade de criação de uma comissão interna
para a aplicação do Código de Ética e Conduta são outras recomendações.O Conselho de Opinião chama a "atenção" sobre a presença da RTP nas plataformas de difusão de jogos de computador."Esta
presença só fará sentido se for acompanhada pela publicitação das
organizações que promovem a luta contra o assédio e o fomento do jogo. A
situação de busca de novos públicos não justifica todos os meios,
sabendo como se sabe hoje, que o vício do jogo é uma doença e como tal
reconhecido", refere o órgão, no parecer datado de 28 de junho.Ao
longo de 16 páginas, o Conselho de Opinião faz várias sugestões
relativamente à proposta do novo Contrato de Concessão da RTP.No
que se refere à criação de um serviço público de programas
especialmente dirigido "às comunidades afrodescendentes" em Portugal, o
Conselho de Opinião considera, "sem medo das palavras" que "é uma versão
que, pese embora não tenha essa intenção, pode ser entendida como
retrógrada, criadora de castas e guetos, potenciando um efeito inverso
ao pretendido e pondo em causa o próprio âmbito da Comunidade dos Países
de Língua Oficial Portuguesa (CPLP)".Portugal,
"país de emigrantes, transformou-se em país de imigrantes: recebê-los,
integrá-los, no respeito pela nossa e pelas suas culturas, é mais do que
uma obrigação, é um desígnio", defende, questionando o que dirão "ou
pensarão desta particular especificidade os migrantes brasileiros,
timorenses, ou ucranianos, que às dezenas de milhares aceitaram vir para
Portugal viver e trabalhar, destas escolhas discriminatórias do Serviço
Público de comunicação social".O
órgão considera ainda que algumas das alterações propostas "são
suscetíveis de, ainda que indiretamente, colocar em risco a plenitude do
pluralismo cultural, informativo e diversidade de vozes e de interesses
legítimos que devem caracterizar a prestação de um serviço público
desta natureza".