Conselho de Ilha de São Miguel dá parecer favorável ao Plano dos Açores para 2024
17 de mai. de 2024, 17:59
— Lusa/AO Online
“Há
sempre uma série de reservas em relação ao plano. Estamos a falar de um
plano praticamente para seis meses. O que deixámos como nota é que a
questão do endividamento zero tem de ser repensada nos próximos tempos,
atendendo a todas as coisas que estão a acontecer, principalmente em São
Miguel, em que o investimento terá de ser feito”, afirmou, em
declarações à Lusa, o presidente do Conselho de Ilha de São Miguel,
Jorge Rita.A proposta, apresentada pelo
Governo Regional (PSD/CDS/PPM), que será votada na próxima semana, na
Assembleia Legislativa dos Açores, mereceu “25 votos favoráveis, 10
abstenções e dois votos contra” dos conselheiros de São Miguel.Já
em outubro, quando o executivo apresentou uma primeira proposta de
Plano de Investimentos para 2024, entretanto chumbada, o Conselho de
Ilha de São Miguel tinha dado um parecer positivo.Para
Jorge Rita, é preciso, no entanto, que o Plano tenha uma “boa
execução”, para dar resposta não só às necessidades provocadas pelo
incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada,
no passado dia 04, mas também aos problemas económicos e sociais da
ilha.“A questão pertinente é saber a boa
execução que pode ter este plano. Estamos a falar de seis meses e o que
nós todos pretendemos, até atendendo à situação dramática [incêndio] que
aconteceu em São Miguel, é que o plano passe e que se resolvam as
questões mais problemáticas rapidamente”, apontou.O
presidente do Conselho de Ilha alertou para problemas como a falta de
mão de obra, a necessidade de uma “boa imigração” e o “estado
lamentável” dos caminhos agrícolas de São Miguel, mas vincou, sobretudo,
os problemas sociais.“Urge resolver
muitos problemas e para mim aqueles que são mais dramáticos e que exigem
um esforço de todos têm a ver essencialmente com a pobreza, a
delinquência, a droga e a formação nas escolas”, frisou.Os conselheiros defenderam ainda que “as verbas para o novo hospital não podem onerar o orçamento da região”.“Tem
de se fazer um trabalho a nível do Governo da República e a nível da
União Europeia para que haja transferências rápidas para as necessidades
prementes que o hospital tem”, frisou Jorge Rita.O
representante dos conselheiros de São Miguel considerou que a região
tem de alertar a União Europeia para os condicionalismos a que está
sujeita por ser arquipelágica e ultraperiférica.“Existe
ainda o PRR [Plano e Recuperação e Resiliência], que na região e a
nível nacional poderá não ter uma execução como nós pretendíamos. Se
calhar, deixar aqui a abertura nas negociações para desvincular algumas
verbas que estão no PRR para resolver o problema do hospital de Ponta
Delgada”, apontou.Segundo Jorge Rita,
mesmo que o Governo da República assuma o financiamento correspondente a
85% dos custos, “15% pode ser uma verba exorbitante” para a região.“Não
basta virem cá os ministros mostrar total solidariedade, como no
passado. Não queremos que esta situação continue da mesma forma, os
anúncios são de milhões e depois, na prática, nem vêm os tostões”,
vincou.A proposta de Orçamento, que começa
a ser discutida na terça-feira, mantém praticamente inalterado o valor
da anterior, prevendo um investimento de cerca 740 milhões de euros nos
Açores, que pode chegar aos 900 milhões de euros com recurso a fundos
comunitários.O Conselho de Ilha é um órgão
consultivo do Governo Regional dos Açores composto pelos presidentes
das câmaras e assembleias municipais da ilha, por quatro membros eleitos
por cada assembleia municipal, por três presidentes de junta de
freguesia, um representante do Governo Regional (sem direito a voto) e
vários membros das organizações sociais, ambientais, culturais e
empresariais da ilha.