Conselho de Ilha da Terceira reivindica alterações nos transporte marítimos de carga
7 de out. de 2024, 15:41
— Lusa/AO Online
“É
altura de começarmos a pensar que é melhor lançarmos um concurso
público internacional, apenas com um operador, com um serviço muito bem
definido e dar a devida indemnização financeira a essa companhia”,
sugeriu o presidente do Conselho de Ilha da Terceira, Marcos Couto, numa
reunião do órgão que decorreu na Praia da Vitória.Perante
críticas de vários conselheiros sobre os atrasos na chegada dos navios,
com prejuízos para os empresários, Marcos Couto, que é também
presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), disse que o
transporte de mercadorias para a região é, neste momento, “um
oligopólio absolutamente descontrolado”.“Ninguém
fiscaliza nada, há uma cartelização clara entre os três operadores, só
que a região, porque não tem de dar qualquer tipo de pagamento pelo
serviço que tem, opta por fazer como Pôncio Pilatos e lavar daí as
mãos”, afirmou.Segundo o presidente do
Conselho de Ilha, reeleito hoje, a região “não quer pagar” pelo
transporte de mercadoria por via marítima para os Açores, que não está
sujeito a obrigações de serviço público, e por isso vai encomendando
estudos, mas “nunca decide nada”.“Nunca houve coragem política de fazer rigorosamente nada no que diz respeito a este assunto”, frisou.Para
Marcos Couto, “se o mercado não tem escala para que as coisas funcionem
de outra forma”, como alegam os operadores, deve ser aberto um concurso
público internacional, mas que tenha “muito bem definido o que são as
obrigações, [o navio] entra por onde, sai por onde e quando não cumpre
[os horários] o que é que paga ou o que é que deixa de receber”.“A economia da região e da ilha Terceira, claramente, não vai crescer enquanto isto não for alterado”, salientou.Quanto
às ligações aéreas para o estrangeiro na época baixa, o presidente do
Conselho de Ilha lamentou que só tivesse sido anunciado um voo da Azores
Airlines entre Terceira e Nova Iorque há duas semanas, alertando para
“a possibilidade de algum insucesso”.Segundo
Marcos Couto, enquanto “as ligações para Nova Iorque e Boston via Ponta
Delgada [ilha de São Miguel] nunca saíram do sistema”, as ligações das
duas cidades norte-americanas para a ilha Terceira “foram
disponibilizada no sistema há muito pouco tempo e isso leva a esforço
redobrado” de promoção.“O que eu acho
altamente condenável é a forma como a Azores Airlines trata de forma
diferenciada esta realidade da ilha Terceira e isso preocupa-me”,
apontou.O empresário revelou mesmo que,
enquanto presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, negociou
“durante seis meses” com a companhia aérea do grupo SATA, alegando que
“se não fosse a pressão política” não teria havido qualquer ligação.Marcos
Couto disse que foi criado um produto turístico "altamente
diferenciador” para oferecer nestes mercados norte-americanos, que passa
por vender cidades património mundial atlânticas, neste caso as cidades
de Angra do Heroísmo e do Porto.Havendo
ligações aéreas entre Nova Iorque e Boston para a Terceira e da ilha
para o Porto, o turista norte-americano pode visitar as duas cidades,
que têm em comum “história, cultura e gastronomia”, explicou.Os
conselheiros discutiram, durante mais de uma hora, o parecer a dar à
anteproposta de Plano de Investimentos da Região para 2025, mas acabaram
por decidir criar um grupo de trabalho, que reúna contributos das
várias entidades representadas, e adiar a votação para uma reunião
extraordinária, no final de outubro. Foi,
no entanto, decidido, por maioria, que o parecer não fará uma avaliação
positiva ou negativa do documento, apresentando apenas uma listagem de
aspetos positivos e negativos.