Conselho de Ilha da Terceira não se pronuncia sobre Plano dos Açores para 2024
23 de out. de 2023, 15:38
— Lusa
“Tendo em
conta o histórico de execução e o irrealismo do documento, nomeadamente
no que diz respeito à desagregação espacial das verbas, o Conselho de
Ilha entende não se pronunciar sobre o mesmo”, lê-se na posição que será
enviada ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), aprovada hoje por
unanimidade, numa reunião em Angra do Heroísmo.Os conselheiros decidiram, ainda assim, anexar os pareceres individuais das entidades que entendam pronunciar-se.O
presidente do Conselho de Ilha da Terceira, Marcos Couto, reeleito
hoje, explicou, em declarações aos jornalistas, que a posição resulta do
atraso na execução de investimento reprodutivo para a ilha.“Vamos
outra vez, sistematicamente e eternamente bater nas mesmas questões, o
porto [da Praia da Vitória], o aeroporto, o terminal de cargas, o porto
das Pipas, as estradas, toda uma quantidade de investimento que permite
que depois o tecido empresarial e económico da ilha possa crescer, que
se possam fixar pessoas, que se possa criar riqueza”, avançou.A
maioria das intervenções na reunião apontou críticas ao documento, mas o
Conselho de Ilha acabou por não dar um parecer negativo ao documento.Marcos
Couto destacou a “unanimidade no voto final”, alegando que o órgão “não
pode ter de forma alguma uma conotação política e partidária”, mas por
vezes “ainda existe um pouco essa tentação”.Na
discussão da anteproposta, o presidente do Conselho de Ilha, que lidera
a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, disse que está previsto “um
investimento total para a Terceira de 157,4 milhões de euros, que são
mais 17% do que no orçamento anterior”, mas “o problema é que nada se
faz”.O presidente da Câmara Municipal de
Angra do Heroísmo, Álamo Meneses (PS), alertou para o facto de o
documento atribuir à ilha Terceira verbas de programas imateriais que
estão divididos por todo o território, como o financiamento do
transporte marítimo interilhas, sem se perceber com que métrica, “para
que pareça que o investimento na Terceira é muito elevado”.“Este
é um plano miserável e mais do que isso é maldoso, porque tenta
disfarçar a coisa pondo mais dinheiro para aqui e para ali. Estas
manobras são muito desagradáveis de ver. Mais valia termos um plano
honesto para a Terceira e dizerem ‘só vão ter isto’ do que meter na
Terceira tudo o que é desagregável. Isso ofende-me e acho uma coisa
mazinha”, afirmou.Já a autarca da Praia da
Vitória, Vânia Ferreira (PSD/CDS-PP), manifestou preocupação com a
verba destinada à manutenção de estradas na ilha (1,5 milhões de euros).“Depois
de olhar para o valor que está inscrito, eu pergunto: como é que vamos
conseguir fazer face à situação que já vivemos hoje e que com o passar
do tempo cada vez agravar-se-á. É uma das situações que me deixa muito
desconfortável, porque a manutenção destas pavimentações tem de ser
feita”, referiu.O deputado regional do PS
Tiago Lopes apontou a “falta de credibilidade” do documento, alegando
que “pouco ou nada se vê do que foi prometido realizar na ilha”.“É
muito difícil entrar no último ano desta legislatura e crer que será
desta que a ilha Terceira terá a devida e necessária atenção”, frisou.O
deputado social-democrata Paulo Gomes destacou os investimentos
previstos na aerogare das Lajes, no porto da Praia da Vitória, na
ligação ente a Via Vitorino Nemésio à circular de Angra do Heroísmo e na
manutenção de escolas, mas lembrou também outras medidas destinadas a
toda a região, como a Tarifa Açores, o programa Novos Idosos ou a
gratuitidade das creches.“Claro que é
importante as infraestruturas, mas o investimento que governo tem feito
nas pessoas não é de menosprezar”, salientou.