Conselho de Etica alerta para necessidade de envolver as crianças na vacinação
Covid-19
22 de dez. de 2021, 13:23
— Lusa/AO Online
Numa
tomada de posição sobre a deliberação ética acerca da vacinação contra o
SARS-CoV-2 de crianças entre os 5 e os 11 anos, o CNECV sublinha a
necessidade de envolver as crianças nesta decisão, para promover “a sua
capacitação progressiva para o exercício da autonomia e como
oportunidade excelente para desenvolver a educação para a saúde e a
cidadania”.“As decisões sobre assuntos de
elevada importância social devem corresponder a processos de cuidada
deliberação ética, de modo a promover o bem-estar da população, a
confiança dos cidadãos e a adesão às medidas sanitárias recomendadas,
para a proteção de todos”, afirma no documento, a que a Lusa teve
acesso.A tomada de posição identifica os
princípios éticos implicados nesta matéria, bem como a sua correta
interpretação e aplicação à realidade concreta, com particular destaque
para o da beneficência e o da autonomia.No
documento de cinco páginas, o CNECV defende que o envolvimento da
criança deverá ser feito pelos pais ou representantes e, se possível,
também pelo pediatra, através de “um diálogo adaptado à idade e
maturidade da criança, acerca do que é a vacina e para que serve, do
processo de inoculação, dos efeitos secundários possíveis, bem como de
resposta a todas as perguntas que a criança possa formular”. No
seu entender, este procedimento tem, pelo menos, três vantagens
relevantes: redução da ansiedade e mesmo medo da vacina por parte da
criança, colaboração da criança no processo, aliviando o potencial
stresse do momento de vacinação e, “ainda mais relevante, aproveita uma
oportunidade excelente para fazer educação para a saúde, que se deve
iniciar desde as idades mais precoces, e capacitar progressivamente para
a decisão”.Alerta que a opinião dos
menores abre a possibilidade de divergência de vontades entre as
crianças e os pais ou tutores legais, tal como se pode também verificar
entre os progenitores, pelo que, defende, “importará propiciar um espaço
alargado de comunicação entre as partes, no qual se disponibilize
informação apropriada que ajude a encontrar respostas às questões e
dúvidas formuladas”, recorrendo "a linguagem que seja adequada aos
envolvidos, promovendo-se um diálogo sereno e colaborativo".A
CNECV adverte que se deverá “sempre e em qualquer caso, evitar
sancionar comportamentos divergentes e formas compulsórias de
administrar a vacina”.“Os princípios
éticos expressos perfilam-se como contributos destacados para manter e
mesmo reforçar a confiança da população em geral no processo vacinal,
que tem decorrido de forma exemplar no nosso país, e agora muito em
particular das famílias no valor sanitário das vacinas para as crianças
entre os 5 e os 11 anos de idade”, sublinha o parecer assinado pela
presidente do CNECV, Maria do Céu Patrão Neves.Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, já foram vacinadas com a primeira dose 95.352 crianças entre os 9 e os 11 anos.Portugal
iniciou no passado fim de semana a vacinação de crianças pelas que têm
entre 9 e 11 anos, sendo o objetivo vacinar as crianças dos 5 aos 11
anos.O Governo estima que as segundas
doses da vacina pediátrica da Pfizer sejam administradas entre 05 de
fevereiro e 13 de março do próximo ano.Até
lá, está previsto que, entre 06 e 09 de janeiro, sejam vacinadas as
crianças que têm entre 7 e 9 anos, ficando reservados os dias 15 e 16
para a administração da primeira dose ao grupo dos 6 e 7 anos, enquanto a
22 e 23 do mesmo mês serão vacinadas as de 5 anos.As
crianças com comorbilidades terão prioridade para serem vacinadas,
independentemente da idade, desde que tenham prescrição médica, bastando
que se dirijam aos centros para receberem a vacina contra o SARS-CoV-2.