Conselho de Disciplina da FPF abre inquérito após acusação do “e-toupeira”
5 de set. de 2018, 15:35
— Lusa/AO Online
“Instaurado
processo de inquérito, por decisão do presidente do CD, de 05 de
setembro de 2018, com base em comunicado de autoridade judiciária e
notícias na comunicação social. O processo foi enviado, à Comissão
de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, mantendo-se
em segredo até ao fim do inquérito”, lê-se no comunicado do órgão
disciplinar da FPF.Na
terça-feira, o MP acusou dois funcionários judiciais, a SAD do Benfica e
um seu colaborador de vários crimes, incluindo corrupção, favorecimento
pessoal, peculato e falsidade informática, no caso “e-toupeira”.Segundo
a informação disponibilizada no sítio da Procuradoria-Geral Distrital
de Lisboa (PGDL) na Internet, o MP “requereu o julgamento em tribunal
coletivo por factos apurados no âmbito do inquérito referente aos
acessos ao sistema CITIUS”, conhecido por “e-toupeira”.Este processo envolve o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, que foi constituído arguido.Em
causa estão os crimes de corrupção passiva (e pena acessória de
proibição do exercício de função), corrupção ativa e oferta ou
recebimento indevido de vantagem (e na pena acessória relativa ao regime
de responsabilidade penal por comportamentos suscetíveis de afetar a
verdade, a lealdade e a correção da competição e do seu resultado na
atividade desportiva)”.Favorecimento
pessoal, violação do segredo de justiça, violação de segredo por
funcionário, peculato, acesso indevido, violação do dever de sigilo e
falsidade informática são os outros crimes imputados aos acusados.Segundo
a mesma nota, “ficou suficientemente indiciado que os arguidos com a
qualidade de funcionários de justiça, pelo menos desde março de 2017,
acederam a processos-crime pendentes no DIAP [Departamento de
Investigação e Ação Penal] de Lisboa e do Porto e em outros tribunais,
transmitindo as informações relevantes ao arguido colaborador da SAD,
fazendo-o de acordo com a solicitação do mesmo e em benefício da mesma
sociedade”.“Tais
processos tinham por objeto investigações da área do futebol ou de
pessoas relacionadas com este meio, ou de clubes adversários, seus
administradores ou colaboradores”, acrescenta a PGDL, salientando que as
“pesquisas foram efetuadas fraudulentamente com a utilização de
credenciais de terceiros, sem o seu conhecimento ou consentimento, por
forma a obterem acessos encobertos, não detetáveis”.Acresce
que “tais informações foram obtidas ilicitamente tendo como
contrapartida benefícios indevidos para os funcionários e vantagens
ilícitas no interesse da respetiva SAD”.“Tais
condutas ocorreram, designadamente, durante as épocas desportivas
2016/2017 e 2017/2018”, lê-se na mesma nota, sustentando que, “com estes
comportamentos, os arguidos puseram em risco a integridade do sistema
informático da justiça, a probidade das funções públicas, os interesses
da verdade e da lealdade desportiva e a integridade das investigações
criminais”.Um dos arguidos mantém-se em prisão preventiva, esclarece a PGDL. O Benfica reagiu em comunicado à acusação, prometendo “desmontar” as “absurdas e injustificadas imputações”.“Mantemos
a firmeza e clareza da nossa posição, anunciada logo que foi dado
conhecimento público desta situação, quanto à inexistência de factos que
justifiquem qualquer acusação no âmbito deste processo”, lê-se no
comunicado dos ‘encarnados’.