Conselho das Finanças Públicas realça melhoria da conta da Região
16 de jan. de 2025, 09:31
— Carolina Moreira
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) deu um
destaque positivo às contas dos Açores em 2023, apontando para uma
melhoria do saldo orçamental da região para níveis próximos da
pré-pandemia e do rácio da dívida em relação ao PIB, além do
“abrandamento” do crescimento da dívida global do arquipélago nesse ano.No
relatório publicado quarta-feira sobre a análise da evolução orçamental das
contas das regiões autónomas em 2023, o CFP assinala que o défice
orçamental dos Açores diminuiu de 8,3% em 2022 para 2,5% do Produto
Interno Bruto (PIB) em 2023, atribuindo esta melhoria à “não repetição
do apoio financeiro do Governo Regional sob a forma de injeções de
capital e concessão de garantias” dados durante a pandemia.Já a
Madeira apresentou um excedente orçamental de 0,4% nesse mesmo ano, “o
que correspondeu a uma melhoria anual de 2,7 p.p. [pontos percentuais]
do PIBR”, regressando a região autónoma a “uma posição acima do
equilíbrio, como a que alcançou no período 2013 a 2019”.No
documento, o Conselho das Finanças Públicas destaca também a melhoria do
rácio da dívida dos Açores, na definição de Maastricht, que “quebrou
pela primeira vez a trajetória ascendente que se mantinha há década e
meia” ao reduzir 3,5 pontos percentuais para 59,6% do PIB regional.A
dívida global dos Açores, incluindo a dívida comercial, registou um
“abrandamento do seu ritmo de crescimento”, atingindo 3.316 milhões de
euros (ME) (61,7% do PIBR), “devido principalmente à dívida financeira,
cujo aumento foi menos de metade do verificado em 2022”, enquanto a
exposição aos riscos de refinanciamento se “acentuou”.“A dívida não
financeira registou um aumento de 100 ME, o que implicou a deterioração
do prazo médio de pagamento (PMP) para 152 dias, após dois anos
consecutivos de redução deste indicador”, assinala ainda o CFP.Por
outro lado, a Madeira atingiu em 2023 “o rácio da dívida mais baixo
desde 2010” ao baixar este indicador em 8,7 pontos percentuais para
71,6% do PIB.Quanto às responsabilidades contingentes, o CFP realça
que, nos Açores reduziram 218 ME em 2023 face a 2022, para 2221 ME
(41,3% do PIB), devido “sobretudo ao decréscimo de responsabilidades
assumidas perante entidades públicas fora do perímetro orçamental, muito
em particular com empresas do Grupo SATA, em processo de
reestruturação”.Na Madeira, estas responsabilidades são mais
reduzidas, perfaziam 873 ME (12,5% do PIB) em 2023, uma redução de 398
ME face a 2022.No documento, o Conselho das Finanças Públicas fazem
ainda uma análise global das regiões autónomas, assinalando que, em
2023, “o conjunto da Administração Regional regressou a uma situação de
equilíbrio orçamental, pese embora uma posição orçamental diferenciada
em cada região autónoma”, com o défice de 2,5% no Açores e o excedente
de 0,4% na Madeira. Também o subsetor da Administração Regional
registou uma “melhoria do seu saldo orçamental de -0,2% em 2022 para
0,0% em 2023 alavancado por um crescimento económico das regiões
autónomas superior ao do conjunto do país”.Já o peso da dívida
pública regional, pela definição de Maastricht, baixou de 3,3% do PIB,
em 2022, para 3,1% do PIB, em 2023, tendo ambas as regiões reduzido o
rácio da dívida.As responsabilidades contingentes das regiões
autónomas expressas em rácio do PIB “mantiveram em 2023 uma trajetória
descendente em linha com a evolução evidenciada pelo conjunto das
administrações públicas”.O secretário regional das Finanças,
Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, reagiu em
comunicado ao relatório, considerando que atesta a “solidez” e a
“credibilidade” das contas da Região, desmentindo “por completo e
absoluto” a “narrativa” da oposição sobre o tema.Numa reação ao
Açoriano Oriental, o economista João Teixeira fez questão de destacar a
“disparidade” visível entre as contas das regiões autónomas, mais
“desfavoráveis” no caso dos Açores.O também presidente da Faculdade
de Economia e Gestão (FEG) da Universidade dos Açores (UAc) considera
que, nos primeiros anos de governação, o atual Governo Regional
conseguiu “uma gestão mais rigorosa das contas públicas”, mas diz ser
“preocupante” que, no orçamento proposto para 2025, “a melhoria aparente
que se via nas contas já não está prevista”.“O défice vai
agravar-se em 2025 (150 ME face a 2024); a dívida financeira vai
aumentar porque o Governo decidiu acabar com o endividamento zero; a
dívida comercial, nomeadamente na Saúde, também se agravou muito em 2024
e perspetivam-se ainda dificuldades para 2025; e podemos ter ainda um
aumento das responsabilidades contingentes pelo facto de continuarem
ainda a existir alguns problemas no setor público empresarial regional”,
preconiza.