Conselho da Magistratura com novos prazos para publicitação de dados em processos judiciais
11 de dez. de 2024, 15:30
— Lusa/AO Online
Segundo uma nota
divulgada pelo CSM, o plenário do Conselho aprovou na terça-feira,
“por unanimidade, as conclusões do Grupo de Trabalho sobre a fixação de
prazos para publicações online e o apagamento de dados nos portais
públicos, como o Portal Citius ou o site tribunais.org.pt”, considerando
a decisão “um avanço significativo na proteção dos direitos
fundamentais dos cidadãos” em termos de proteção de dados.“A
nova política estabelece prazos claros para a publicação de dados
judiciais em todas as situações onde a lei não previa regras
específicas. Até agora, na ausência de previsão legal ou de decisão
judicial, cabia ao CSM decidir sobre o apagamento dos dados dos
titulares a pedido dos próprios. Com as novas regras, ficam definidos
critérios uniformes e transparentes, reforçando o direito à proteção de
dados pessoais e ao esquecimento”, explicou o CSM.A
Provedora de Justiça já tinha criticado, em recomendação recente à
ministra da Justiça, os prazos excessivos de publicitação de dados
pessoais em plataformas de acesso público, nomeadamente no caso das
insolvências, em que os serviços do Ministério da Justiça alegavam a
obrigação legal de os manter públicos durante 10 anos, mas que a
Provedora Maria Lúcia Amaral considerou ser um argumento sem
fundamentação legal, dando razão às queixas dos cidadãos que alegavam
que o direito ao esquecimento estava a ser desrespeitado.O
CSM recorda essa recomendação e garante que “a política agora aprovada
vem responder a esta necessidade e vai ainda mais longe, abrangendo não
só os dados dos processos de insolvência como todas as publicações
judiciais”.O grupo de trabalho do
Conselho, que contou com representantes do CSM, dos juízes presidentes
das Comarcas, do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da
Justiça (IGFEJ), da Direção-Geral da Política de Justiça (DGPJ) e da
Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ, realizou “um
levantamento detalhado das publicações judiciais existentes, das normas
legais aplicáveis e das finalidades associadas”.“Este
trabalho permitiu identificar publicações com prazos de conservação já
definidos e propor soluções para os casos em que a lei era omissa. Foram
também integrados os contributos da Comissão para o Acompanhamento dos
Auxiliares da Justiça (CAAJ), da Ordem dos Advogados (OA) e da Ordem dos
Solicitadores e Agentes de Execução (OSAE)”, explicou o CSM.No
caso dos processos de insolvência, o grupo de trabalho propôs que a
prática de publicitação de dados por 10 anos fosse substituída por um
prazo de 30 dias após a declaração da insolvência e outros atos
associados a este tipo de processos. Para listas públicas de execuções
mantém-se o prazo de cinco anos.A
publicitação no portal Citius de sessões nos tribunais superiores para
decisão de recursos deixa de ser possível de ser possível durante os
seis meses anteriores à data designada, sendo o prazo encurtado para 90
dias, mantendo-se a informação disponível 30 dias após a sessão.Quanto
à distribuição de processos nos tribunais judiciais de primeira
instância e nos tribunais superiores mantém-se o prazo de seis meses
definido por lei, já no que diz respeito às diligências marcadas em
tribunais de primeira instância os dados permanecem visíveis nos 60 dias
anteriores e passam a ser removidos no dia seguinte à data agendada
para o ato.Os editais deixam de estar
disponíveis durante um ano após a publicação e passam a ser consultáveis
apenas durante 60 dias e as publicações de vendas de bens são
eliminadas no dia seguinte à data da concretização da venda.Na
reunião de terça-feira, o plenário do CSM aprovou ainda a nomeação da
juíza Maria das Mercês Cruz Nascimento como juiz presidente do Tribunal
Judicial da Comarca de Beja, cargo que vai exercer em comissão de
serviço durante três anos. A nomeação teve em conta “a auscultação dos
juízes da comarca e a análise dos elementos curriculares dos candidatos”
feita pelo Conselho.A juíza iniciou a sua
carreira na magistratura judicial em 2010, no tribunal do Barreiro,
tendo depois desempenhado funções em vários tribunais do Alentejo,
nomeadamente o Tribunal de Execução de Penas de Évora, onde foi colocada
em 2012, e posteriormente nos tribunais de Ferreira do Alentejo,
Odemira e Beja, onde desde 2023 estava em funções no juízo local
criminal.