Congregações e institutos religiosos recebem hoje lista com suspeitos de abuso sexual
27 de abr. de 2023, 07:25
— Lusa/AO Online
Esta lista vai ser
entregue pelo coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos
Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, o
pedopsiquiatra Pedro Strecht, durante a assembleia geral da CIRP, que se
realiza hoje e sexta-feira em Fátima, refere a Conferência dos
Institutos Religiosos de Portugal, em comunicado.“Dando
seguimento ao que estava previsto desde o passado dia 03 de março, o
coordenador da ex-Comissão Independente, Pedro Strecht, estará presente
na assembleia e entregará a lista com os nomes dos alegados abusadores
identificados nos Institutos de Vida Consagrada”, precisa o comunicado.A
CIRP indica ainda que a informação será entregue, em envelope fechado,
ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, entidade que pediu o
estudo sobre a realidade dos abusos de menores na Igreja Católica em
Portugal, que passará o respetivo envelope a cada um dos superiores
maiores dos institutos religiosos identificados pela Comissão
Independente.Numa declaração por escrito
em março à Lusa, a presidente da CIRP afirmou que os religiosos destas
instituições que sejam suspeitos e ainda se encontrem no ativo vão ser
afastados temporariamente, enquanto decorrer eventual processo de
investigação interna.“Os superiores
maiores que tiverem essa lista darão o devido seguimento, de acordo com
as normas canónicas e civis em vigor”, acrescentou a irmã Maria da Graça
Alves Guedes, apontando para a adoção de medidas idênticas às levadas a
cabo pelos bispos diocesanos, alguns dos quais afastaram da atividade
os membros do clero suspeitos.A Comissão
Independente entregou a lista dos suspeitos nas dioceses nacionais em 03
de março, quando se realizou uma assembleia plenária extraordinária da
Conferência Episcopal Portuguesa.A
Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as
Crianças na Igreja Católica Portuguesa validou 512 dos 564 testemunhos
recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas
da ordem das 4.815.Vinte e cinco casos
foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de
15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em
investigação.Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.Na
sequência destes resultados, algumas dioceses decidiram afastar
cautelarmente do ministério alguns padres, enquanto decorrem os
respetivos processos.No relatório
apresentado pela Comissão Independente em 13 de fevereiro, surgiam
indicados, no caso dos Institutos Religiosos femininos, entre outros, as
Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, com oito vítimas, e as
Religiosas do Amor de Deus, com três, como os mais afetados.No
que respeita aos masculinos, os Salesianos destacavam-se com 18
vítimas, seguidos dos Jesuítas (12) e Franciscanos – Ordem dos Frades
Menores (11).