Congelamento das propinas é "péssima decisão" e "retrocesso histórico"
Hoje 17:38
— Lusa/AO Online
Em
declarações aos jornalistas em Braga, à margem da sessão de encerramento
do 20.º aniversário do Laboratório Ibérico Internacional de
Nanotecnologia (INL), Fernando Alexandre sublinhou que a decisão vai
tornar as instituições de ensino superior “dependentes do Governo”.“Instituições
dependentes do Governo são instituições sem autonomia, sem capacidade
de inovarem, sem capacidade de competirem internacionalmente. Eu
lamento, isto é um retrocesso histórico e vai da esquerda à direita, à
extrema-direita, e, por isso, eu tenho pena porque é uma péssima decisão
para o ensino superior português”, referiu.Na
quarta-feira, em sede de votação do Orçamento do Estado, foi aprovada
uma proposta do PS para manter o congelamento das propinas do ensino
superior em 2026/2027, eu viria a ser confirmada em plenário, com os
votos favoráveis de todas as bancadas, à exceção das do PSD, CDS-PP e
Iniciativa Liberal.O Governo pretendia a
subida das propinas das licenciaturas de 697 para 710 euros e o
descongelamento das propinas dos mestrados.“[O
chumbo] é uma decisão, a meu ver, errada e que vai prejudicar
claramente o nosso sistema de ensino superior e o desenvolvimento do
país (…). Isto é um constrangimento para o desenvolvimento do nosso
sistema de ensino superior, não tenho dúvidas nenhumas sobre isso, vai
limitar a capacidade das nossas instituições de competirem
internacionalmente”, vincou hoje o ministro da Educação.Lembrou
que as instituições de ensino superior portuguesas “têm uma grande
procura de estudantes internacionais”, porque “são das melhores a nível
internacional”, mas que agora “não vão continuar a poder competir com os
seus rivais internacionais, porque estão limitados” por esta decisão do
Parlamento.Apontou que o que importa no
acesso ao ensino superior é a ação social, adiantando que em dezembro o
Governo vai apresentar um novo modelo, sendo a propina paga na
totalidade. “Nenhum aluno fica excluído do ensino superior por causa da propina”, garantiu.Referiu
ainda que a principal razão da dificuldade no acesso ao ensino superior
não é a propina, mas sim o alojamento, apontando que também nesta área
está a ser feito um investimento de “centenas de milhões de euros”, para
disponibilizar mais 11 mil camas no próximo ano.Em
relação ao INL, Fernando Alexandre disse que se trata de uma
infraestrutura que mostra a importância e os benefícios da colaboração
entre Portugal e Espanha e que tem incentivado outras parcerias entre os
dois países.Como exemplos, apontou a
Constelação Atlântica, com mais de 20 satélites, 11 dos quais do lado
português, uma fábrica de Inteligência Artificial que vai ficar baseada
em Barcelona, ou um novo centro que vai ser construído em Cáceres,
replicando o modelo do INL.“Desta forma,
[colaboração entre Portugal e Espanha], conseguimos construir projetos
com mais impacto, seja do ponto de vista científico, seja do ponto de
vista da inovação”, rematou Fernando Alexandre.