Conferência excecional em mobilização e participação - Fundação Oceano Azul

Oceanos

2 de jul. de 2022, 01:03 — Lusa /AO Online

Em declarações à Agência Lusa o responsável fez um balanço da conferência, organizada por Portugal e pelo Quénia e que decorreu em Lisboa de segunda-feira até hoje.Tiago Pitta e Cunha disse esperar que os compromissos traçados darão “energia para os grandes processos em cima da mesa, a começar, já em agosto, pelo tratado de conservação do alto mar, que há tantos anos está em negociação”.A Fundação Oceano Azul tem trabalhado na área da criação de áreas marinhas protegidas, “um trabalho fundamental para Portugal, se quer ser um país líder na agenda internacional dos oceanos”, e nesse sentido a Conferência de Lisboa também foi muito importante, disse.“Portugal, não se pode dizer que tenha sido muito bem-sucedido nos últimos 30 anos a tratar da conservação da natureza do oceano, não somos um país que tenha investido muito em áreas marinhas protegidas em 30 anos. Na verdade na área continental de Portugal a última área marinha protegida com algum significado foi a do parque Luiz Saldanha, em Sesimbra”, que é “relativamente diminuta”, observou.E acrescentou: “Todo o trabalho que a Fundação tem feito para criar novas áreas marinhas protegidas nos Açores, na Madeira e no Algarve foi coroado de êxito com esta Conferência”.Em relação ao Algarve, Tiago Pitta e Cunha citou o ministro do Ambiente, que disse que irá procurar terminar assim que possível a adoção da nova área marinha protegida do Recife do Algarve, uma proposta da Fundação e do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve. Trata-se de “uma zona fabulosa do ponto de vista da sua riqueza natural e determinante para o sucesso da vida marinha, biodiversidade e ‘stocks’ pesqueiros da região do Algarve”, disse.Em relação à Madeira, o presidente do Governo Regional anunciou que vai começar a tratar dos planos de gestão e monitorização da área protegida das Selvagens, e o presidente do Governo Regional dos Açores repetiu o compromisso de chegar a 2023 com 30% do mar do arquipélago como área marinha protegida.Como importante Tiago Pitta e Cunha destacou também a visita à Fundação do Presidente francês, Emmanuel Macron, e o facto de este ter dito que a França é primeiro favorável à ciência e só depois a equacionar a exploração mineira do fundo do mar.“A França é dos principais interessados na mineração no fundo do mar e estas declarações do Presidente foram extremamente importantes, respondem à clarificação fundamental da política externa da França na questão dos oceanos”, disse o administrador da Fundação oceano Azul, acrescentando que gostaria de ouvir palavras idênticas do Governo português.A Fundação tem sido sempre contra a mineração em mar profundo e hoje à Lusa Tiago Pitta e Cunha reafirmou que se trata de um absurdo.“Nesta altura em que queremos mudar o paradigma da revolução da era industrial para uma nova era, assente na sustentabilidade ambiental e na descarbonização da economia, procuramos destruir a única parte do planeta intocável, como os fundos marinhos”, criticou.A Fundação, afirmou à Lusa, apoia organizações que defendam moratórias em relação à mineração, referindo-se ao facto de mais de 30 organizações se terem juntado numa petição para reivindicar a adoção de uma moratória para a mineração em mar profundo por parte do governo Português.