Conferência Episcopal diz que há uma nova consciência contra o abuso na igreja
16 de out. de 2025, 17:35
— Lusa/AO Online
Em comunicado, a
estrutura da igreja católica afirmou acolher “com atenção e em espírito
de comunhão”, o Relatório Anual sobre políticas e procedimentos da
Igreja em matéria de proteção relativo a 2024, hoje publicado pela
Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores.“A
atenção permanente às vítimas tem-nos levado a um caminho de justiça e
reparação e a Igreja em Portugal continua a aprender, mesmo nas suas
fragilidades, a tornar-se cada vez mais segura e fiel à sua missão de
cuidar e proteger”, lê-se no comunicado.“Reconhecemos
que há ainda muito trabalho a fazer, mas é inegável a mudança de
paradigma: há uma consciência nova e transversal de intolerância face ao
abuso e de responsabilização daqueles que, tendo as crianças e adultos
vulneráveis a seu cargo, não os protejam adequadamente”, sustentou a
CEP.A CEP recordou o trabalho do Grupo
VITA e das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos
Vulneráveis na identificação dos riscos e citou a formação contínua dos
profissionais envolvidos e a capacitação das crianças e adultos
vulneráveis para dizerem “não” e para denunciarem possíveis agressões.Neste
sentido, sublinhou que tem vindo a desenvolver medidas, em articulação
com a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e a
Conferência Nacional dos Institutos Seculares em Portugal (CNISP), que
“vão ao encontro do relatório” agora publicado.Entre
as medidas enumeradas estão a criação de estruturas de denúncia a nível
nacional e diocesano, a articulação com a sociedade civil, através do
Ministério Público e da Polícia Judiciária, a constituição de centros de
escuta para vítimas e sobreviventes, apoio espiritual e psicológico,
assim como compensações financeiras a vítimas de abusos sexuais na
igreja. “Tomamos nota das sugestões deste
relatório que decorre da visita ad Limina dos Bispos de Portugal em
maio de 2024, cujas recomendações analisaremos cuidadosamente em ordem à
sua implementação, estando muitas delas já em curso e outras em
elaboração para apresentação pública em breve”, indicou a CEP. Uma
comissão do Vaticano recomendou à Conferência Episcopal Portuguesa
(CEP) que aplique um “mecanismo de auditoria robusto” ao Grupo Vita, que
a CEP criou para acompanhar as situações de abuso sexual na Igreja,
informou a agência Ecclesia.A
Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores (CPPM), que dedica um
capítulo do seu relatório anual à atividade da CEP Portuguesa, sugere
que o mecanismo de auditoria integre vítimas e sobreviventes no
desenvolvimento de políticas.Depois de em
2022 ter pedido a uma Comissão Independente um estudo sobre casos de
abuso sexual na Igreja em Portugal nos últimos 70 anos, a CEP criou no
ano seguinte o Grupo Vita, para receber queixas de abusos, trabalhar na
prevenção e acompanhar vítimas e agressores.No
início de 2023, a Comissão Independente tinha apresentado um relatório,
validando 512 testemunhos relativos a situações de abuso.Segundo
a Ecclesia, a CPPM recomenda também que o Grupo Vita tenha “um mandato
forte e claro” da CEP para “promover uma formação robusta em matéria de
proteção em todas as dioceses”, apelando para que as comissões
diocesanas promovam “uma recolha robusta de dados (…) para promover uma
cultura de transparência e a responsabilidade baseada em dados”.