Confederação do Desporto quer um por cento do OE para o setor até 2028
1 de out. de 2024, 16:23
— Lusa/AO Online
“O financiamento público ao
desporto em Portugal deve tingir a marca de um por cento do Orçamento de
Estado até 2028, o final da legislatura”, afirmou o presidente da CDP,
Daniel Monteiro.O líder do CDP fez estas
declarações na apresentação do estudo “O valor do desporto português, o
seu financiamento (1996-2024) e o seu futuro”.“Quem
sustenta a esmagadora maioria do desporto em Portugal são, em parte, as
autarquias, mas principalmente as famílias”, prosseguiu Daniel
Monteiro, alertando para “a crescente elitização no acesso ao desporto,
porque só as famílias com mais recursos podem pagar esse acesso”.Reportando-se
ao estudo, apresentado em Oeiras, Daniel Monteiro lembrou que “até
1998, a cultura tinha um orçamento anual abaixo dos 100 milhões de
euros e, hoje, sem a RTP, tem um orçamento de mais de 500 milhões de
euros”.“E bem, porque o país precisa de
cultura. O que está mal é o desporto ter menos dinheiro real hoje do que
tinha em 1996”, frisou.De acordo com o
estudo, da autoria de Jorge Carvalho, Jorge Sousa e Fernando Tenreiro,
“nos últimos 27 anos (1996-2024), o desporto federado cresceu em número
de praticantes de 271.470, em 1997, para 773.800, em 2023, o que não tem
sido acompanhado pelo financiamento público”.O
documento conclui que o “desporto português era mais competitivo
financeiramente em 1997 do que é hoje, em 2024”, ainda que, em “termos
absolutos, o apoio financeiro tenha aumentado de 35,5 ME, em 1997, para
46,7 ME, em 2023”.A CDP alertou ainda para
o facto de “ao longo dos últimos anos de governação se ter insistido em
canalizar, praticamente em exclusivo para os projetos olímpico e
paralímpico, as verbas disponíveis para reforçar o financiamento público
do desporto”.Daniel Monteiro lembrou o
anúncio recente do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de um crescimento
de 20% para os projetos olímpico e paralímpico para Los Angeles2028,
considerando que o mesmo deve fazer parte de uma estratégia global.“Se
esta decisão fizer parte de uma estratégia integrada de valorização e
reforço estrutural do setor tudo certo. Mas, se se tratar apenas de mais
um número político, a juntar-se a tantos outros que o setor foi vendo
ao longo dos últimos Governos, então importa que todos tenhamos
consciência de que, ao investirmos em exclusivo no topo, esquecendo-nos
da base, em breve, não teremos atletas a quem reforçar esses apoios”,
alertou.O estudo conclui ainda que a
medida legislativa que levou à criação e distribuição das receitas das
apostas desportivas por diversas entidades desportivas e pelo movimento
associativo “criou um mecanismo pouco criterioso e não solidário, que
deverá considerar, no futuro, soluções de compensação”.O
secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, assistiu à apresentação
do estudo, e reiterou o compromisso do Governo “na realização de um
plano de desenvolvimento que está em marcha”, e envolve “toda a família
do desporto”.“Há um compromisso do Governo
que está plasmado no seu programa, que é aproximar o financiamento
publico do desporto daquilo que são as médias dos países da União
Europeia”, disse Pedro Dias, lembrando que o “financiamento é um pilar” e
destacando a necessidade de mobilizar “a sociedade para a prática do
desporto”.