Concursos de professores não vai resolver precariedade docente
10 de mar. de 2021, 12:24
— Lusa/AO Online
A
critica surge na véspera do arranque dos dois concursos de professores:
o concurso interno, para docentes dos quadros que querem mudar de
escola; e o concurso externo, destinado a professores contratados que
pretendem ingressar em quadros de zona pedagógica.Segundo
um comunicado da Fenprof, as vagas para vinculação dos contratados são
insuficientes e revelam que “o Governo e, em particular, o Ministério da
Educação se demitem do combate à precariedade na profissão docente”.Já
no caso do concurso interno, a Fenprof entende que “os professores dos
quadros vão continuar a ver adiada a possibilidade de se aproximarem da
sua área de residência, o que seria da mais elementar justiça”.A
Fenprof diz que, através do concurso interno que agora tem 6.237 vagas,
haverá menos professores nas escolas do que havia há quatro anos. Isto
porque apesar de terem agora aberto quase mais duas mil vagas, nos
últimos quatro anos reformaram-se 4.482 docentes.“Acresce
que, neste concurso, surgem 5.700 vagas negativas, o que significa
que, a partir de 1 de setembro de 2021, as escolas terão menos docentes
nos seus quadros. Falta, ainda, saber quantas das vagas agora abertas
ficarão por preencher, dado que os docentes que não pertencem aos
quadros estão impedidos de a elas se candidatarem”, alerta.No
que toca ao concurso externo, este ano há 2.455 vagas para preencher, o
que representa um aumento de 278% relativamente ao verificado no
concurso externo anterior.Mas a
Fenprof diz que estas 2.455 vagas correspondem apenas aos docentes que
se encontram, atualmente, a cumprir o terceiro ano sucessivo em horários
anuais e completos e por isso têm legalmente de entrar para os quadros.
De fora vão continuar milhares de docentes, segundo o sindicato.Segundo
as contas da Fenprof, no último concurso externo ficaram de fora 24.816
professores com três ou mais anos de serviço prestado, dos quais 20.872
com cinco ou mais anos e 11.702 com 10 ou mais anos.Havia
ainda 4.832 com mais de 15 anos de serviço, “ou seja, o número de vagas
agora aberto nem sequer chega para vincular todos os docentes com 15 ou
mais anos de serviço”, acusa o sindicato.A
Fenprof compara ainda as 2.455 vagas abertas neste concurso externo com
os 8.840 professores contratados para horários anuais e completos desde
o início do presente ano letivo para concluir que se “traduz uma
subavaliação de necessidades permanentes das escolas”.