Depois
de uma "desconfiança inicial" sobre a organização e os promotores que
afetou a maior parte do evento, "os últimos dias foram muito bons", com a
definição de metas para a transição energética, com vista à eliminação
da energia fóssil. "A pressão foi muito
boa", tendo sido possível "fixar um período de 2050 como o final dos
combustíveis fósseis, curiosamente numa reunião num dos principais
países do mundo produtores de combustíveis fósseis", afirmou Ângelo
Correia, que esteve ligado ao setor do gás natural durante muitos anos. No
seu entender, estas conclusões acabam por ser mais positivas do que as
expectativas, mas falta ainda definir prazos e calendarização para
concluir esse esforço."Sabemos o Alfa,
onde estamos hoje, e sabemos o Ómega, que é 2050. Agora o problema é o
percurso que se faz de 2023 até 2050", considerou, questionando: será um
"percurso linear ou é um percurso que só acelera nos últimos anos?"Agora
segue-se o “desdobramento dos planeamentos anuais e objetivos anuais
que são necessários conceber”, cabendo à próxima COP essa discussão de
“medidas concretas a executar”. “É um
processo que tem de ser aferido” de modo em que cada nova cimeira seja
feita “uma avaliação do planeamento e se os objetivos estão a ser
cumpridos”, considerou. Porque o “grande problema, a partir de agora, é o ‘follow up’ de toda a revisão do sistema energético”, avisou Ângelo Correia.Por isso, defendeu, a pressão mundial deve continuar para que os líderes encontrem soluções. “Quando
digo [pressão] mundial não é apenas da população, mas de organizações
políticas, sociais, culturais ou religiosas”, acrescentou o ex-ministro
social-democrata.