Concerto de Bocelli em Coimbra é um “cheirinho” de normalidade pré-covid-19

26 de jun. de 2021, 01:17 — Lusa /AO Online

O casal Rui e Rosário Dias, do Porto, já não ia a um grande concerto desde que tinham visto o espetáculo "Fantasma da Ópera" na sua cidade e, a poucos minutos de entrarem no Estádio Cidade de Coimbra, onde Bocelli dá hoje o primeiro de dois concertos, olhavam para a massa de gente que fazia fila e encontravam "uma normalidade ainda um bocadinho estranha"."Usamos máscaras e há confiança na organização", contou à agência Lusa Rosário Dias, salientando que espera que este seja um primeiro passo para o regresso dos grandes concertos, especialmente de alguns artistas."Se trouxessem o Bob Dylan, ia já", confessou.Por volta das 21:00, já eram visíveis filas enormes de um público diverso - desde casais vestidos a preceito, como se de uma gala se tratasse, a pessoas com t-shirts de bandas como AC/DC.As filas, nem sempre com o distanciamento recomendado, davam a volta ao Estádio Cidade de Coimbra, onde na zona envolvente algumas ruas foram encerradas, o estacionamento interdito e as esplanadas fechadas.Para entrar no estádio, havia controlo da temperatura e dos bilhetes, mas sem necessidade de apresentação de teste covid-19, por a venda dos ingressos para os dois concertos se ter iniciado antes da data da atualização da norma que veio impor a obrigatoriedade de testes, a partir de um determinado número de espectadores.Perto das 22:00, o público já preenchia grande parte dos 13.450 lugares (cerca de metade da capacidade do recinto desportivo), ao som de um instrumental de jazz."Ainda pensámos se devíamos devolver o bilhete ou não, mas decidimos vir, porque isto é uma questão mental", afirmou Tiago Lourenço, de 58 anos, de Lisboa, que tinha comprado bilhete antes da pandemia, quando o concerto estava previsto para 04 de julho de 2020.Para Ana Lourenço, há "uma grande confiança", esperando que o espetáculo possa ser um sinal da retoma dos grandes eventos culturais, "desde que as pessoas não baixem a guarda".Também Joana Rodrigues, de Coimbra, comprou o bilhete antes da pandemia da covid-19."Ainda ponderei, mas decidi vir. Há saudades e, ainda por cima com este tempo ótimo, as saudades ainda são maiores", frisou.Segundo a conimbricense, o concerto é "um cheirinho do regresso à normalidade", de se poder estar com quem se gosta, "a viver bons momentos".Já Anabela Reis, de 58 anos, comprou o bilhete na semana passada, depois de "uns dois anos" sem ver um grande espetáculo.As razões para ter decidido vir até Coimbra são várias: "Gostava muito de ver o Bocelli, a pandemia acalmou, pelo menos na minha zona, é ao ar livre e estou vacinada"."Sabe muito bem", resumiu a habitante de Felgueiras.Uma voz, às 22:10, vincou as regras que o público tinha de seguir, informando de seguida que o concerto iria começar dentro de dez minutos.Dez minutos depois, tal como prometido, o concerto começou ao som de "Farandole", andamento da suite "Arlesienne", de Bizet, tocado pela orquestra, com o tenor italiano a ter sido recebido com um forte aplauso assim que surgiu em palco.Seguiu-se um clássico, "La Donna è Mobile", ária da ópera "Rigoletto", de Verdi, também muito aplaudida pelo público."É fantástico estar aqui. Obrigado", disse o tenor, no final dessa canção.No sábado, Bocelli dá o segundo concerto no Estádio Cidade de Coimbra, os dois com a participação especial da fadista Mariza.Esta é a primeira vez que o tenor atua em Portugal num estádio de futebol, depois de, em 2017, ter esgotado a Altice Arena, em Lisboa.Andrea Bocelli deveria ter atuado em Coimbra, no dia 04 de julho de 2020, no âmbito das festas da cidade, mas o concerto foi cancelado devido à pandemia, que chegara a Portugal em março.