Comunidades lamentam "contínuo desinvestimento" na rede do ensino de português
24 de dez. de 2021, 16:26
— Lusa/AO Online
“Com 39.540 alunos a frequentar a rede oficial
do EPE, o ano letivo 2019/20 é o pior deste século em termos de números
de alunos”, revelou Pedro Rupio, que obteve estes dados do presidente
do instituto Camões, uma vez que os mesmos não constam do Relatório da
Emigração.O
conselheiro das comunidades portuguesas recordou que, “depois de se ter
passado por baixo da barra dos 50.000 alunos em 2013/14”, o que
aconteceu logo após a introdução de uma propina, alvo de contestação
desde essa data, “ficou-se agora sob a barra simbólica dos 40.000
alunos, seis anos mais tarde”.Em
declarações à agência Lusa, Pedro Rupio referiu que “o objetivo do
Camões é cada vez mais ensinar português para estrangeiros, o que se
confirma no ensino integrado, em detrimento do ensino paralelo, com cada
vez menos alunos”.A consequência, disse, é “o afastamento do público português e lusodescendente da rede oficial do EPE”.E
acusou os governos destes últimos seis anos de considerarem “mais
interessante para Portugal investir num estrangeiro do que num
português”.“O objetivo foi claramente a
aposta no ensino integrado, em que a maioria são alunos nacionais do
país de residência, em detrimento do ensino paralelo, sobretudo para
alunos portugueses, que seguem um modelo de ensino dado de forma
extracurricular, em escolas que não as que frequentam habitualmente”,
disse.E projeta que, “enquanto houver esse investimento único no português para estrangeiros, continuará essa tendência”.“Temos
tudo a favor do português para estrangeiros e o que pedimos é que as
crianças portuguesas e lusodescendentes não sejam esquecidas e que
possam seguir as aulas de língua e cultura portuguesas”, declarou.
Dados do Camões, citados por Pedro Rupio, indicam que, em 2013/14, a
proporção de alunos no ensino paralelo era de 64,6% e de 35,4% no ensino
integrado (maioritariamente frequentado por alunos estrangeiros), essa
mesma proporção passou respetivamente para 39,6% no ensino paralelo e
57% no ensino integrado em 2019/20.Os
primeiros cursos de língua e cultura portuguesas para filhos de
emigrantes foram criados em Esch-sur-Alzette, Luxemburgo, em 1972.