Comissário europeu diz que “ninguém pode afastar o risco de recessão”
Crise/inflação
8 de set. de 2022, 10:38
— Lusa/AO Online
“Os
riscos estão lá. Nos próximos meses, ninguém pode afastar o risco de
recessão”, afirmou Paolo Gentiloni, que discursava hoje na Academia
Socialista, que decorre na Batalha, em Leiria, até domingo. Apesar
de notar que a Europa não está numa recessão e que regista “um nível
decente de crescimento”, o responsável realçou que “há incertezas”
quanto ao atual momento, face à inflação e à crise energética. “Estamos
num momento difícil”, admitiu, recorrendo à expressão “O inverno está a
chegar” (da série televisiva “Guerra dos Tronos”) para afirmar que a
Europa poderá ter “um dos mais difíceis invernos de que há registo”, num
momento “cheio de contradições e incertezas”.Durante
o seu discurso, o comissário europeu constatou que, em fevereiro de
2021, a contribuição da energia para a inflação era negativa, neste
momento situa-se próxima dos 40% e, apesar de todas as dificuldades, o
mercado laboral na Europa “está muito interessante”, com o “mais baixo
nível de desemprego em muitos anos”.Gentiloni
recordou a pandemia e a guerra na Ucrânia como dois eventos que mudaram
a perceção da situação económica e política, mas também a perceção dos
europeus de si próprios.“A reação a esses
eventos extraordinários foi, na minha perspetiva, boa”, disse, apontando
para as medidas da União Europeia para combater a pandemia e os seus
efeitos económicos, mas também a rápida ação de Bruxelas na definição de
sanções contra a Rússia. Esse passado
recente aumentou a exigência dos cidadãos junto das instituições
europeias, referiu, considerando que há “uma grande expectativa” de que a
Europa consiga estar à altura de reagir à crise energética, apesar de
não ter “muitos poderes nos tratados de energia”.Para
além de ser necessário dar uma resposta a essa mesma crise, Paolo
Gentiloni considerou que as medidas que vierem a ser avançadas não podem
descartar a estratégia de transição climática já definida por Bruxelas.“Seria
louco, por causa desta crise, esquecermos os nossos compromissos e a
liderança europeia na transição verde”, apontou, frisando que um reforço
nessa estratégia levará a uma Europa mais independente de combustíveis
fósseis, nomeadamente de origem russa.“Não
podemos excluir o facto de nos próximos meses, parte do nosso espetro
político e opinião pública vai protestar e dizer que com as sanções
estamos a afetar a nossa própria economia e a questionar se vale a pena o
esforço”, afirmou Paolo Gentiloni.“É por
essa razão que temos que nos lembrar do que está em causa. Há um regime
autocrático que usa o poder militar para ocupar uma nação europeia
independente”, referiu o responsável, membro do Partido Democrático
italiano que disputa no final deste mês as eleições gerais, onde o
partido de extrema-direita FdI (Fratelli d’Italia) é apontado como
potencial vencedor.