Comissária da Coesão pede "grande exigência" no uso de verbas para fixar jovens
28 de ago. de 2024, 10:56
— Lusa
“A política de coesão importa.
Ela funciona bem, mas para que ela renda o máximo é preciso que os
agentes locais saibam, muito claramente, o caminho para onde querem ir e
que se trabalhe o detalhe do modo como se utilizam as verbas que são
transferidas todos os anos. É uma oportunidade única, estratégica, para
que, de facto, as regiões possam oferecer salários altos, empregos
qualificados em todos os espaços europeus”, afirmou, em declarações aos
jornalistas.Elisa Ferreira falava, em
Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem de uma intervenção no 63.º
Congresso da European Regional Science Association (ERSA), que decorre
até sexta-feira e conta com mais de 700 participantes de 63 países.A
comissária europeia trouxe ao encontro uma “mensagem de grande
exigência, grande qualidade na agenda e grande determinação”, defendendo
que é preciso criar oportunidades para que “as pessoas possam ficar na
terra onde querem e não tenham de emigrar”.“Uma
região que não cresce, que fica estagnada, não abre oportunidades para
os jovens e passado uns tempos as pessoas começam a rejeitar todo o
sistema e a ficar amargas, a ficar desencantadas e isso tem de ser
evitado, mesmo para que a Europa se mantenha o projeto fabuloso que tem
sido até agora”, apontou.Segundo Elisa
Ferreira, se há casos na Europa “absolutamente fabulosos”, de países
“onde a ambição de crescer, de serem produtivos, de utilizarem e tirarem
partido dos recursos humanos qualificados está presente”, também há
outros “onde há uma certa habituação a receber dinheiro e esta tal
ambição não está tão clara”.“É preciso
reativá-la nestes casos, porque essas regiões e esses países se
começarem a ficar para trás mais tarde poderão não ter os meios para
estimular o crescimento, como neste momento existem”, alertou.Questionada
sobre o exemplo dos Açores, a comissária disse que não lhe cabia
julgar, mas defendeu que a região, como outras em Portugal, “tem feito
um trabalho fabuloso”.“Nós hoje passeamos
aqui e encontramos um espaço totalmente qualificado, apoios para a
terceira idade, um sistema de educação e um sistema de saúde, que fazem
inveja a muitas partes do mundo”, adiantou.“Neste
momento, a mensagem é: agora, vamos pegar nestes jovens, nestas pessoas
qualificadas e vamos avançar em termos de criar empresas, criar
emprego, pôr as universidades a trabalhar com as empresas, as empresas a
aproveitar o conhecimento que existe para aumentarmos o valor
acrescentado, aumentarmos o rendimento que se pode tirar daqui e cada
ilha é diferente”, acrescentou.Para Elisa
Ferreira, cabe à população, em conjunto com autarquias, Governo Regional
e outras instituições, encontrar um projeto de desenvolvimento
sustentável para cada ilha.“A diversidade,
que é uma riqueza enorme, também requer uma adaptação da agenda e a
capacidade de gerar o que pode acrescentar valor em todos estes sítios”,
explicou.Questionada sobre se a política
de coesão pode estar em risco, com o alargamento da União Europeia, a
comissária admitiu que sim, mas defendeu que a maneira de evitar esse
risco é mostrar o quanto se faz de bom com essa política.“Em
termos de infraestruturas, não só física, mas também humanas, acho que
ainda há coisas para fazer, mas que Portugal fez imenso”, sublinhou.Segundo
Elisa Ferreira, há agora novas dimensões, em que “os Açores estão muito
bem posicionados”, como as novas energias renováveis, o mar, a
investigação associada à vulcanologia, a natureza, a biodiversidade e o
turismo sustentável.“Acho que os Açores têm todas as condições para apostar. Estamos a abrir um período novo, vamos apostar nele”, frisou.