Comissão toma posse esta quarta-feira e arranca oitavo processo de revisão
Constituição
4 de jan. de 2023, 11:15
— Lusa/AO Online
Desencadeado pelo
Chega, com um projeto admitido na Assembleia da República em 12 de
outubro, este processo contará com iniciativas dos oito partidos com
assento parlamentar.As alterações à
Constituição só podem ser aprovadas por uma maioria de dois terços dos
deputados, o que, na atual composição parlamentar, implica o voto
favorável de PS e PSD, tornando difícil saber à partida se esta revisão
constitucional vai ser bem-sucedida e qual a sua extensão.Os
sociais-democratas pretendem alterar 71 artigos da Constituição em
todos os capítulos, enquanto o PS só quer mexer em 20, deixando de fora
desta revisão a organização económica, o sistema financeiro e fiscal, a
organização do poder político ou dos tribunais, tendo o secretário-geral
do PS, António Costa, avisado que o partido vai recusar propostas de
alteração em matérias institucionais.Ambos
os partidos tentam responder - com formulações semelhantes, mas não
iguais – às duas questões que o Presidente da República apontou como
essenciais num processo de revisão da lei fundamental: como permitir o
acesso aos metadados para efeitos de investigação judicial, depois de o
Tribunal Constitucional ter ‘chumbado’ a lei em vigor, e como decretar,
com segurança jurídica, confinamentos em caso de uma nova pandemia,
ainda que sem estado de emergência.A
comissão eventual vai ser presidida pelo vice-presidente da bancada do
PSD e advogado Joaquim Pinto Moreira e terá como primeira vice-presidente, indicada pelo PS, a
ex-ministra da Saúde Marta Temido, cabendo ao PCP a segunda
vice-presidência, que será exercida pela deputada Alma Rivera.O
Grupo Parlamentar do PS, que tem direito a 12 efetivos e 12 suplentes,
escolheu para os lugares de coordenador e de vice-coordenador dois
constitucionalistas: Pedro Delgado Alves, antigo líder da JS e
vice-presidente da bancada, e Isabel Moreira, que faz parte do
Secretariado Nacional deste partido. Já o
PSD – que indica oito efetivos e oito suplentes - terá como coordenador o
antigo vice-presidente de Rui Rio André Coelho Lima e como
vice-coordenadora Mónica Quintela, ambos advogados.O
líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, será o último suplente
da bancada socialista, enquanto Joaquim Miranda Sarmento, presidente do
grupo parlamentar do PSD, vai ser o primeiro suplente social-democrata.As
restantes bancadas têm direito a um membro efetivo e um suplente cada,
enquanto PAN e Livre estarão representados pelos deputados únicos Inês
Sousa Real e Rui Tavares, respetivamente. O Chega terá como membro efetivo na comissão o presidente do partido, André Ventura, e como suplente o deputado Rui Paulo Sousa.Pela
IL, o ainda presidente do partido, João Cotrim Figueiredo, será efetivo
na comissão eventual de revisão constitucional, com a deputada Patrícia
Gilvaz como suplente.Pelo PCP, Alma
Rivera será, além de segunda ‘vice’ da comissão, o membro efetivo do
partido, cabendo à líder parlamentar Paula Santos o lugar de suplente.O BE indicou o líder parlamentar Pedro Filipe Soares como efetivo e a coordenadora do partido, Catarina Martins, como suplente.A
comissão eventual terá um prazo inicial de funcionamento de 90 dias, a
contar da data da respetiva instalação, e que podem ser prolongados pelo
plenário a pedido da própria comissão.Apesar
de a Constituição prever a possibilidade de uma revisão ordinária cinco
anos após a publicação da última revisão, a lei fundamental não sofre
qualquer mudança desde 2005, com a última grande tentativa de a alterar a
falhar em 2011 devido à dissolução do parlamento.