Comissão parlamentar aceita que cidadãos apresentem iniciativas legislativas nos Açores
21 de dez. de 2022, 17:58
— Lusa/AO Online
“Esta
foi uma das propostas já consensualizadas internamente e que irá
figurar no relatório final que esta comissão irá apresentar no
parlamento”, explicou à Lusa o deputado socialista Francisco Coelho, que
preside à Comissão de Aprofundamento da Autonomia, que integra
representantes dos oito partidos com assento parlamentar (PS, PSD, CDS,
PPM, BE, IL, Chega e PAN).Até agora, os
cidadãos só podiam apresentar petições na Assembleia Legislativa
Regional, que eram posteriormente analisadas e discutidas pelos
deputados, mas a intenção desta medida é permitir que os eleitores
passem a ter um papel mais interventivo, podendo mesmo produzir
legislação, que terá, ainda assim, de ser aprovada pelos partidos com
assento parlamentar.Os deputados que
compõem a Comissão de Aprofundamento da Autonomia aprovaram ainda outras
propostas, relacionadas com as eleições para o Parlamento Europeu, com o
financiamento dos partidos políticos e com a criação de um Tribunal da
Relação nos Açores.O objetivo destas
propostas é criar dois novos círculos eleitorais (Açores e Madeira), nas
futuras eleições para o Parlamento Europeu, para permitir que os dois
arquipélagos possam eleger diretamente os seus representantes em
Bruxelas, em vez de ficarem dependentes das listas nacionais dos
respetivos partidos.Os parlamentares
pretendem também criar um número de identificação fiscal regional, para
cada um dos partidos com assento parlamentar nos Açores, para que a
apresentação de contas não tenha também de depender das estruturas
partidárias nacionais.A Comissão de
Aprofundamento da Autonomia aprovou também uma proposta para a criação
de um Conselho Consultivo de Geo-Estratégia e Relações Externas, que
funcionará como órgão consultivo do Governo Regional e do parlamento
açoriano, sempre que estiverem em causa políticas externas.Por
consensualizar estão ainda outras propostas, aparentemente mais
polémicas, relacionadas com a revisão da lei eleitoral, com a revisão
constitucional e com alterações à Lei do Estado de Sítio e de
Emergência, matérias em que os deputados açorianos reivindicam um
alargamento de competências.Francisco
Coelho adiantou também duas outras matérias que vão integrar a lista de
propostas a apresentar pela Comissão de Aprofundamento da Autonomia,
relacionadas com a revisão da Lei de Finanças Regionais e com o
alargamento de transferências para as autarquias locais, que só serão
discutidas em 2023.A extinção do cargo de
representante da República, a eliminação do veto político sobre
diplomas regionais, a redução do número de deputados à Assembleia
Regional, a criação de partidos açorianos e a possibilidade dos cidadãos
concorrerem livremente a eleições, sem o suporte de nenhum partido
político, são outras propostas em discussão na Comissão de
Aprofundamento da Autonomia.A Comissão,
que integra representantes dos oito partidos com assento parlamentar
(PS, PSD, CDS, PPM, BE, IL, CH e PAN), tem já marcadas sete reuniões
entre 3 de janeiro e 30 de março, para tentar consensualizar as
restantes propostas em análise.A Comissão,
criada por iniciativa aprovada no parlamento em fevereiro de 2021,
tinha, inicialmente, um ano para apresentar um relatório final no
parlamento, mas o prazo já foi, entretanto, prorrogado até março de
2023.A Assembleia Legislativa dos Açores é
composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do
PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal,
um do PAN, um do Chega e um deputado independente (ex-Chega).