Comissão Independente divulga conclusões de relatório sobre abusos sexuais na Igreja
13 de fev. de 2023, 07:28
— Lusa/AO Online
O relatório da
Comissão Independente começou a ganhar corpo a partir de 11 de janeiro
do ano passado, quando começou a receber testemunhos, e em menos de uma
semana foram validadas 102 denúncias.Sem
querer adiantar números finais até à apresentação do relatório final, a
Comissão Independente divulgou no seu último balanço público, em
outubro, que já tinha registado 424 testemunhos validados, compreendendo
casos de abusos ocorridos desde 1950 e vítimas entre os 15 e os 88
anos. Os membros da comissão esclareceram
logo à partida que não estava em causa uma investigação criminal, mas
adiantaram que as denúncias de crimes que não tivessem prescrito seriam
encaminhadas para a Justiça, o que veio a confirmar-se até junho com o
envio de 17 denúncias para o Ministério Público (MP), mas em outubro foi
assumido pela Procuradoria-Geral da República que dos 10 inquéritos
instaurados, mais de metade (seis) já tinha sido arquivada.O
relatório já é do conhecimento da Conferência Episcopal Portuguesa
(CEP), que recebeu no domingo o documento da parte da Comissão
Independente, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht. Hoje
será também conhecida a primeira reação da CEP, presidida pelo bispo de
Leiria-Fátima, José Ornelas, e para 03 de março foi já convocada uma
assembleia plenária extraordinária Conferência Episcopal para analisar o
relatório.Em paralelo, foi divulgado no
início deste mês que as Comissões Diocesanas de Proteção de Menores
tinham recebido até essa altura 26 participações de abusos sexuais em
todo o país.Os casos de abusos sexuais
revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade
portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em
outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia
religiosa a motivarem inúmeros pedidos de desculpa, num ano em que a
Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização
da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.Liderada
pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, a comissão independente é ainda
constituída pelo psiquiatra Daniel Sampaio, pelo antigo ministro da
Justiça e juiz conselheiro jubilado Álvaro Laborinho Lúcio, pela
socióloga e investigadora Ana Nunes de Almeida, pela assistente social e
terapeuta familiar Filipa Tavares e pela cineasta Catarina Vasconcelos.