Comissão Europeia prevê inflação mais baixa mas alerta para perda de rendimentos
11 de set. de 2023, 09:51
— LUSA/AO online
“A maior restritividade da política monetária
pode pesar mais na atividade económica. A [...] política monetária está a
funcionar como pretendido, como o demonstra a continuação do acentuado
abrandamento do fluxo de crédito ao setor privado, [mas] o seu impacto
adverso sobre a procura interna será ampliado se for acompanhado de uma
deterioração dos rendimentos das famílias e das empresas, o que, por sua
vez, afetará o sentimento económico e a capacidade dos bancos para
financiar o crescimento” refere o executivo comunitário.Nas
previsões económicas de verão hoje publicadas, num cenário de tímido
crescimento económico e de fraco consumo perante uma descida mais lenta
da inflação e uma apertada política monetária, a Comissão Europeia prevê
então uma inflação de 5,6% este ano e de 2,9% em 2024 na zona euro,
percentagens que comparam com 5,8% e 2,8% nas projeções anteriores,
divulgadas em maio passado.Para o conjunto
da União Europeia (UE), prevê-se uma inflação de 6,5% este ano e de
3,2% em 2024, comparando com anteriores projeções de 6,7% e 3,1%.A
instituição acrescenta que medidas adotadas como a subida das taxas de
juro podem “conduzir a uma queda da inflação mais rápida do que o
previsto, o que aceleraria a recuperação do rendimento real”.Porém,
de acordo com Bruxelas, “evolução da inflação poderá surpreender tanto
no sentido descendente como no sentido ascendente”, já que o
enfraquecimento da procura interna pode levar a que seja “menos
persistente do que o previsto”, mas também pode obrigar a aumentos de
salários, que obrigariam a “uma reação mais forte da política monetária,
com repercussões negativas no crescimento”.Neste
contexto de incerteza, “a evolução dos preços dos produtos alimentares e
da energia, que se pressupõe registarem uma tendência descendente nas
presentes previsões, continua sujeita a riscos e expõe as perspetivas de
inflação a alguma incerteza”, ressalva a instituição.De
acordo com Bruxelas, os preços a retalho da energia - que têm vindo a
‘pesar’ mais nos níveis de inflação pela crise energética e guerra -
deverão continuar a descer até ao final de 2023, mas a um ritmo mais
lento, prevendo-se que “voltem a aumentar ligeiramente em 2024,
impulsionados pelos preços mais elevados do petróleo”.“A
inflação nos serviços deverá continuar moderada à medida que a procura
abranda, sob o impacto do aumento da restritividade da política
monetária e de um desvanecimento do impulso pós-covid-19. As outras
componentes não energéticas do cabaz de consumo continuarão a contribuir
para a atenuação da inflação ao longo do horizonte das previsões,
refletindo igualmente a descida dos preços dos fatores de produção e a
normalização das cadeias de abastecimento”, elenca.Outro
fator a ter em conta nestas previsões é, de acordo com o executivo
comunitário, a ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos como
vagas de calor e cheias.“Os riscos
climáticos crescentes, ilustrados pelas condições meteorológicas
extremas e pelos incêndios florestais e inundações sem precedentes no
verão, também pesam sobre as perspetivas. A materialização destes riscos
acarreta graves custos para a economia da UE, em termos de perdas de
capital natural e de deterioração da atividade económica, incluindo o
turismo”, conclui a Comissão Europeia.Por esta altura, estabilizam as taxas de inflação nos 20 países da moeda única.De
acordo com o Eurostat, a taxa de inflação anual na zona euro manteve-se
em agosto estável face a julho, nos 5,3%, mas abaixo dos 9,1%
homólogos.A taxa de inflação tem vindo a
baixar nos últimos meses após registar valores históricos devido à
reabertura da economia pós-pandemia de covid-19, à crise energética e às
consequências económicas da guerra da Ucrânia, mas ainda assim acima do
objetivo de 2% fixado pelo Banco Central Europeu (BCE) para a
estabilidade dos preços.Para o atingir, o BCE tem apertado a política monetária com sucessivos aumentos das taxas de juro, agora a um ritmo mais lento.