Comissão Europeia não descarta cenário de ‘no-deal’
Brexit
6 de out. de 2020, 11:54
— Lusa/AO Online
“O tempo começa a escassear: caso haja um
acordo, o que é o nosso objetivo, ambas as partes precisam de tempo para
se assegurarem que conseguem ratificar o acordo até ao dia 01 de
janeiro de 2021. Caso isso não aconteça, entraremos no território de
‘no-deal’”, referiu o comissário europeu, em sessão plenária do
Parlamento Europeu (PE).Realçando que
faltam “menos de 100 dias até ao final do processo de transição”, Maros
Sefcovic salientou que a equipa de negociação da União Europeia (UE) foi
instruída para trabalhar “o mais rápido possível”, mas que, no processo
de ratificação, “é necessário tempo”. Referindo
que a proposta de lei britânica que prevê a violação do acordo do
‘Brexit’ foi um “duro golpe” para a Comissão Europeia, Sefcovic afirmou
que “o respeito de acordos internacionais é, primeiro, uma questão legal
e, depois, uma questão de confiança e de boa-fé”.“A
implementação total e respeitando os prazos do acordo de saída não é,
muito simplesmente, discutível”, referiu o comissário para as Relações
Interinstitucionais, que integra também a comissão mista UE-Reino Unido,
que supervisiona a aplicação do acordo de saída.Na
sessão plenária do PE, que decorre em Bruxelas e não em Estrasburgo
(França) devido à covid-19, Sefcovic apelou também à união entre todas
as instituições europeias durante “um momento delicado para a Europa”.“A
data de limite do ‘Brexit’ está a aproximar-se, a pandemia continua
entre nós, é um momento de incerteza, por isso, tem também de ser um
momento de união e de coragem”, afirmou Sefcovic.O
eurodeputado do PS, Pedro Silva Pereira, que integra o grupo de
coordenação do PE sobre o ‘Brexit, realçou também “a importância de
manter a unidade da UE nesta fase crucial”. Saudou
também “a oportuna e firme iniciativa da Comissão em abrir um processo
de infração contra o Reino Unido por incumprimento dos deveres de boa-fé
no acordo de saída”, sublinhando que “era a única coisa que podia e
devia fazer”. Na semana passada, os
parlamentares britânicos aprovaram um projeto de lei destinado a
substituir as normas europeias por regras para o comércio entre as
diferentes regiões do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e
Irlanda do Norte) após a saída da EU.A nova legislação dá ao executivo britânico poderes para ignorar cláusulas que estão no acordo de saída negociado com a UE.