Comissão Europeia anuncia mil milhões de euros para combater desflorestação
COP26
2 de nov. de 2021, 13:10
— Lusa/AO Online
O
esforço financeiro europeu, a aplicar a cinco anos, inclui-se no
financiamento público e privado de 22,4 mil milhões de dólares (19,3 mil
milhões de euros) a anunciar hoje na COP26 e que é considerado
essencial para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5
graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial.Falando
numa sessão especial sobre desflorestação em Glasgow, onde se realiza a
26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para
as Alterações Climáticas, Von Der Leyen comprometeu-se a "reduzir a
pegada de consumo europeia nos territórios e florestas", indicando que
os "eleitores e consumidores europeus estão a deixar cada vez mais claro
que já não querem comprar produtos que provocam desflorestação ou
degradação de florestas"."É por isso que
em breve iremos propor regulamentação para travar a desflorestação
provocada por interesses da União Europeia", acrescentou, reforçando que
"serviços e produtos colocados no mercado [europeu] não devem conduzir à
desflorestação"."As florestas são os
pulmões verdes da Terra. Precisamos de as proteger e recuperar", afirmou
a presidente da Comissão, salientando que a União Europeia quer dar "um
sinal claro do seu compromisso com as mudanças globais para proteger o
planeta, em linha com o Pacto Ecológico Europeu".Da
contribuição europeia, 250 milhões de euros irão para a bacia do Congo e
serão aplicados em oito países: Camarões, República Centro-Africana,
República Democrática do Congo, República do Congo, Guiné Equatorial,
Gabão, Burundi e Ruanda.Servirão para
"proteger a segunda maior região de floresta tropical e melhorar as
condições de vida para as suas populações", segundo um comunicado
divulgado pela Comissão.Von der Leyen
sublinhou que os ecossistemas a proteger são "essenciais para a
estabilidade do clima mas também continuam a garantir formas de ganhar a
vida para centenas de milhões de pessoas pelo mundo"."Proteger as florestas é também proteger esse património", referiu.A
comissária europeia responsável pelas parcerias internacionais, Jutta
Urpilainen, indicou que a Comissão irá fazer parcerias com "governos,
sociedade civil, povos indígenas e setor privado", orientada pelos
objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas.Mais
de 100 líderes mundiais chegaram a um novo acordo para parar e reverter
a desflorestação e degradação do solo, a que se juntará a União
Europeia. Embora acordos semelhantes
tenham sido alcançados antes, desta vez estão entre os signatários os
presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping,
líderes das duas maiores economias do mundo. A
declaração também foi subscrita pelos líderes dos países com as maiores
áreas de floresta do mundo, a República Democrática do Congo, Papua
Nova Guiné e Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, recusou até agora
comprometer-se com a proteção da floresta amazónica.Portugal,
Angola e Guiné-Bissau estão também entre os mais de 100 signatários,
representativos de mais de 86% das florestas mundiais, entre as quais a
floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta
tropical da bacia do Congo.Numa das
sessões de hoje da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), os dirigentes de mais
de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não
investir mais em atividades ligadas à desflorestação.Atualmente,
quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases com efeito de
estufa provém de atividades como a agricultura e a indústria madeireira.Este
novo compromisso faz eco da “Declaração de Nova Iorque sobre as
florestas”, de 2014, quando muitos países se comprometeram a reduzir
para metade a desflorestação em 2020 e a pôr-lhe fim em 2030.