Comissão Europeia acentua pressão sobre Estados-membros para aprovarem orçamento
29 de jan. de 2020, 15:43
— Lusa/AO Online
As negociações
do chamado quadro financeiro plurianual estão num impasse e a próxima
etapa é a cimeira extraordinária convocada pelo presidente do Conselho
Europeu, Charles Michel, para 20 de fevereiro.“É
uma negociação muito complexa, desta vez dificultada ainda mais pelo
‘Brexit’, que cria um fosso financeiro de 70 mil milhões de euros”, e
pelas “importantes novas prioridades da União Europeia, como o clima,
migrações ou defesa”, admitiu Gert Van Koopman, “número um” da
Direção-Geral do Orçamento da Comissão Europeia, num encontro, na
terça-feira, com jornalistas portugueses em Bruxelas.“E,
para agravar ainda mais, estamos muito, muito atrasados com estas
negociações, mais atrasados do que alguma vez estivemos”, acrescentou.Van Koopman frisou que “vale a pena parar para pensar” no que acontece se não houver acordo.“A
resposta é que o resultado provável é não haver política de coesão no
próximo ano, não haver políticas modernas no próximo ano e não haver
rebates nas contribuições no próximo ano. A única coisa que haverá é os
salários serem pagos e a ajuda de emergência continuar disponível, mas
tudo o resto para”, assegurou.A este
alerta, a eurodeputada socialista Margarida Marques, correlatora e
membro da equipa de negociação do Parlamento Europeu para o quadro
financeiro plurianual, respondeu, num outro encontro com os jornalistas
portugueses, com o pedido feito pelo Parlamento Europeu à Comissão, numa
resolução adotada em outubro para elaborar um plano de contingência que
permita evitar esse risco.“Essa resolução
diz claramente que se não houver tempo de haver decisão política sobre o
Quadro Financeiro Plurianual, a tempo dele entrar em vigor no dia 01 de
janeiro de 2021, tem de haver um plano de contingência”, explicou.“Pedimos um plano de contingência […], basta uma página de papel A4, com dois aspetos: os montantes e as regras”, acrescentou.Mas
Margarida Marques concorda com a necessidade de “fazer pressão junto do
Conselho” e assegurou que o PE tem “tentado usar de todas as formas de
fazer pressão” sobre os Estados-membros.A
eurodeputada, que esteve na segunda-feira na Croácia, o país que
assegura a presidência rotativa do Conselho Europeu neste semestre, não
está otimista quanto a um acordo.“Estou
convencida que não vai haver decisão durante a presidência croata. Mas
se a presidência alemã herdar este problema, não acredito que queira
terminar a presidência sem resolver o problema”, disse.Quanto à cimeira extraordinária de 20 de fevereiro, Margarida Marques acredita que poderá desbloquear posições.“Acho
que este conselho do dia 20 o mais que pode é conseguir desbloquear a
situação (...) em que nos encontramos. E a reunião de sábado, em Beja,
pode ajudar a contribuir para isso”, afirmou, aludindo à reunião dos
países Amigos da Coesão, o grupo 16 países do sul e do leste europeu que
se opõem a cortes na política de coesão.