Comissão emite parecer desfavorável a proposta do PPM/Açores sobre partidos regionais
12 de out. de 2017, 12:52
— Lusa/AO Online
“Esta iniciativa
sai da comissão competente com parecer desfavorável”, afirmou aos
jornalistas na delegação de Ponta Delgada do parlamento regional o
presidente da comissão, Francisco Coelho, do PS, partido que tem a
maioria.Antes, o deputado socialista e o parlamentar do PPM,
Paulo Estêvão, protagonizaram uma troca de palavras mais acesa, quando
Francisco Coelho afirmou que os monárquicos tiveram cerca de 70 votos
nas últimas eleições regionais.“O PPM teve mil e tal votos na
votação”, retorquiu Paulo Estêvão, acusando o presidente da comissão
parlamentar de não conduzir os trabalhos de forma democrática pelo que
saiu e, literalmente, bateu com a porta.O projeto de resolução do
PPM pretende que o parlamento dos Açores proponha à Assembleia da
República a eliminação da proibição de partidos regionais.“Para a
Representação Parlamentar do PPM no parlamento dos Açores, a presente
iniciativa tem um objetivo estratégico de enorme alcance político,
colocar a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a
discutir e a votar o fim da proibição de partidos regionais, apenas como
recomendação à Assembleia da República, uma vez que as alterações
constitucionais são da exclusiva competência deste último órgão de
soberania”, afirma Paulo Estêvão, num documento enviado à Lusa.Segundo
o deputado, “decorridos que estão 41 anos de vigência da atual
Constituição, o parlamento dos Açores nunca se pronunciou sobre esta
questão”, considerando “as secções regionais dos partidos dominantes do
sistema político regional evitaram, até agora, reivindicar de forma
ativa o fim de uma proibição que tem potencial para colocar em causa o
seu monopólio da representação política da população açoriana”.Francisco
Coelho, que classificou a proposta como “politicamente inaceitável”,
declarou que como presidente da comissão não deve ser neutro, “muito
menos em matérias que são institucionais”.“O parlamento, sob pena
de não ter respeito por si próprio, não pode aprovar por unanimidade
uma comissão eventual com um âmbito e um espetro muito largo de
competências para discutir tudo o que diz respeito acerca da reforma da
autonomia e depois permitir que deputados, que inclusive votaram a favor
dessa comissão e que a integram, por meras questões de protagonismo
resolvam apresentar às prestações um conjunto de iniciativas que ninguém
discute que estão no âmbito do trabalho dessa comissão”, declarou
Francisco Coelho, observando que “o rigor e a lisura” institucionais são
“um dever dos democratas”.O deputado referia-se à criação da
Comissão Eventual para a Reforma da Autonomia (CEVERA), iniciativa que
pretende clarificar e alargar as competências autonómicas da região, que
foi subscrita pelos seis partidos com assento na Assembleia Legislativa
Regional (PS, PSD, CDS-PP, BE, PCP e PPM).Paulo Estêvão acusou o presidente da comissão e o PS de “condicionar o debate político”.“Se
nos circunscrevermos apenas ao debate da CEVERA, que é um debate
completamente apagado e escondido por parte do PS, o que é que nós
estamos a fazer na assembleia?”, questionou o parlamentar.Para
Paulo Estêvão esta é uma questão “tão relevante que não foi sequer
discutida ao longo destes 40 anos de forma individualizada”, declarou,
perguntando qual a posição dos partidos sobre o fim da proibição de
partidos regionais.