Comissão de acompanhamento dos Açores diz que houve "evolução bastante positiva"
Covid-19
18 de fev. de 2021, 15:51
— Lusa/AO Online
“Sabemos
que a realidade epidemiológica é boa e, em termos de números, é baixa
na região, no entanto, um descuido pode levar a que se perca tudo. Todos
nós precisamos de continuar a cumprir com as medidas de prevenção e a
manter os cuidados”, afirmou Gustavo Tato Borges, numa conferência de
imprensa, em Angra do Heroísmo, em conjunto com o secretário regional da
Saúde dos Açores, Clélio Meneses.Segundo o
presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta Contra
a Pandemia nos Açores, a região teve um pico de casos de infeção pelo
SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, “na segunda semana do ano”,
mas desde então registou “uma tendência decrescente consolidada”.“Temos uma evolução bastante positiva da pandemia nos Açores”, sublinhou.A
exceção é a vila de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, que mantém 60
casos positivos ativos de infeção pelo novo coronavírus, 39 dos quais
diagnosticados nos últimos sete dias.“Na
última semana, 39 novos casos foram em Rabo de Peixe, enquanto 16 foram
no resto do arquipélago. Isso demonstra verdadeiramente a diferença que
temos entre a incidência neste local e no resto”, apontou Gustavo Tato
Borges.Para o médico especialista em saúde
pública, é preciso “uma diminuição da mobilidade dentro da própria
família” e “mais de contenção nos contactos”.“Temos
na freguesia de Rabo de Peixe uma realidade muito particular. Temos
agregados familiares residenciais muito grandes, muitas vezes sem
possibilidade de haver afastamento entre as pessoas e há um convívio
muito grande dentro da família mais alargada”, justificou.Gustavo
Tato Borges apelou a que as pessoas diagnosticadas com a infeção
“aceitem ser realocadas para proteção da sua própria família”.“A
cerca sanitária proíbe a circulação, proíbe a saída da freguesia, mas
torna-se impossível nós estarmos constantemente à porta de casa de cada
um a dizer que não pode sair e tem de ficar em casa. Tem de partir da
mudança de atitude de cada um”, frisou.Apesar
da contestação à manutenção da cerca sanitária em Rabo de Peixe, que
vigora desde 13 de janeiro, o presidente da comissão de acompanhamento
disse que a medida protege não só as restantes localidades da ilha de
São Miguel como a própria vila.“Na ilha de
São Miguel nós temos 43 ou 44 casos suspeitos da nova variante do Reino
Unido e nenhum deles em Rabo de Peixe. Se permitirmos alguma circulação
maior, corre-se o risco de alguém da freguesia de Rabo de Peixe poder
entrar em contacto com um destes casos e poder levar para dentro da sua
freguesia uma estirpe que é muito mais virulenta e até 70% mais mortal”,
alertou.Até ao momento foram confirmados
apenas três casos da nova variante inglesa nos Açores, mas foram
enviados ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge cerca de 60
análises suspeitas.Na ilha do Pico surgiu
recentemente uma nova cadeia de transmissão do SARS-CoV-2, com cinco
pessoas, mas Gustavo Tato Borges disse não acreditar “que seja uma
situação que vá criar preocupações ao nível de se alastrar de forma
alargada para a ilha”.“São pessoas que têm
ligação entre elas. Na ilha do Pico não há transmissão comunitária, há
uma cadeia bem identificada, que tem várias pessoas que estão a ser
estudadas e é possível que dentro dos próximos dias possa haver mais um
ou outro caso positivo”, frisou.