Comissão de acompanhamento agrava para "preocupante" execução no Património Cultural
PRR
26 de jul. de 2024, 11:24
— Lusa/AO Online
Do conjunto de 76
investimentos previstos neste segmento da área da Cultura do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR), que dispõe de um valor global de 214,1
milhões de euros a executar até ao final do primeiro trimestre de 2026,
mais de metade encontra-se ainda em fase de projeto ou de concurso,
anterior ao início de obras. Neste segmento, apenas estão concluídas as
medidas do programa Saber Fazer, dedicado à preservação e reconhecimento
da produção artesanal portuguesa. No
segmento das Redes Culturais e da Transição Digital, que dispõe de 103
milhões de euros, a CNA-PRR recomenda o "necessário acompanhamento" pela
parte da tutela, com projetos-chave a "não aparentarem risco", como a
digitalização do cinema português pela Cinemateca e a constituição do
Arquivo Nacional do Som.Na área do
Património Cultural, porém, há sublinhados a vermelho na "apreciação
preocupante", com admissão de possível prorrogação de prazos no âmbito
PRR da cultura, como acontece com o Teatro Nacional D. Maria II, em
Lisboa, em obras desde o início de 2023, com reabertura já adiada para
2025 e que pode assim vir a sofrer novo adiamento.O
investimento na área do Património Cultural prevê intervenções em 73
museus, monumentos e palácios, no valor de 165,8 milhões de euros, em
dois teatros nacionais - S. Carlos e D. Maria - e no Teatro Camões, num
total de 48,3 milhões, perfazendo 214,1 milhões de euros para 76
intervenções.Em maio deste ano, "existiam
13 empreitadas concluídas e 18 em curso", como indica o relatório da
CNA-PRR, citando "as informações prestadas pelo Ministério da Cultura".
"As restantes intervenções encontravam-se em fase de projeto", havendo
80 concluídos, "ou em fase de concurso de empreitada", com 14 lançados.A
CNA-PRR aponta que estes investimentos "se têm revelado complexos de
acompanhar", pela dispersão no território nacional, mas sobretudo "pelas
mudanças nas entidades de gestão", resultantes das "alterações de
orgânica dentro do Ministério da Cultura", que no início deste ano
levaram à criação da empresa Museus e Monumentos de Portugal e do
instituto Património Cultural, a partir da antiga Direção-Geral do
Património Cultural (DGPC). A passagem de competências das extintas
direções regionais de cultura para as comissões de coordenação de
desenvolvimento regional também é indicada."A
complexidade própria de obras" e dos projetos na área do património
cultural, a especificidade das intervenções, a exigirem entidades
especializadas sujeitas a grande procura, são outros fatores de "pressão
muito grande" enumerados pelo relatório, a par da "antiguidade e valor
histórico e arquitetónico", que não podem ser postos em causa. No
"ponto de situação dos investimentos mais relevantes em termos
financeiros" (mais de cinco milhões de euros), a partir dos dados
indicados pelo Ministério da Cultura, o relatório inicia a lista pelo
Teatro Nacional de S. Carlos (32,7 milhões de euros), em Lisboa, que tem
a entrega do projeto de execução prevista para janeiro de 2025. Este
teatro encerra para obras no próximo dia 01 de agosto e prevê a
reabertura para o final de 2026.A entrega
do ante-projeto do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, que
partilha com o S. Carlos o investimento mais alto desta área (32,7
milhões) ocorreu no passado dia 13 de maio. O relatório indica que "o
valor apresentado pelo projetista ultrapassa o montante global
previsto", estando desde já "comprometidos um milhão de euros".São
ainda citados o Museu Nacional do Traje, em Lisboa (7,4 milhões de
euros), o Palácio Nacional de Mafra (sete milhões), o Convento da
Saudação, em Montemor-o-Novo (5,9 milhões), o Museu Monográfico de
Conímbriga (5,8 milhões), a instalação do Museu Nacional da Música em
Mafra (5,7 milhões) e o Convento de Cristo, em Tomar (5,2 milhões), com
entregas de projetos e abertura de concursos dentro do previsto.Do
Teatro D. Maria II, com um investimento de 9,6 milhões de euros, é
admitida a possível prorrogação do prazo. Este teatro encerrou em
janeiro de 2023, com uma previsão de reabertura no início deste ano,
altura em que se ficou a saber que as portas só abririam ao público em
2025. Agora é admitido novo adiamento, que o jornal Público noticiou ser
de mais um ano. Em curso, segundo o relatório, está a "reconversão da
área de cenografia em espaços de trabalho". Do Teatro Camões (5,9 milhões), o regresso da Companhia Nacional de Bailado à sua sede deverá acontecer em setembro.Do
conjunto de investimentos na área do património, a CNA-PRR conclui que
se "agrava a apreciação para preocupante", pelo "atraso no início das
obras", recomendando "a intensificação do acompanhamento de todos os
investimentos pela tutela".A fraca
execução do PRR na área do património foi um dos motivos indicados pela
ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, para a exoneração do anterior
diretor do instituto público Património Cultural, que também estivera à
frente da DGPC, até à sua extinção.