Comissão Atletas “extremamente preocupada” com “grito de revolta” de Telma Monteiro
17 de out. de 2022, 17:15
— Lusa/AO Online
“É
mais do que um desabafo, sem dúvida. É um grito de revolta. Estou
preocupada, preocupadíssima com os resultados e a preparação destes
atletas. Trata-se de carreiras olímpicas. Deixa-me extremamente
preocupada”, assumiu a dirigente, em declarações à Lusa. A
olímpica Telma Monteiro informou que a Federação Portuguesa de
Judo (FPJ) despediu a selecionadora Ana Hormigo, a um dia de a equipa
viajar para competir no Grand Slam de Abu Dhabi, de apuramento para os
Jogos Olímpicos, voltando a criticar a gestão do presidente Jorge
Fernandes, informando que este terá dito que ou os sete lutadores se
retratam esta semana da carta aberta que escreveram no verão contra a
sua atuação ou serão levados a tribunal. “É
muito duro de ver, principalmente tendo sido atleta e também ter vivido
questões semelhantes. Acima de tudo é conseguir utilizar o que nos pode
deitar abaixo para nos tornar mais fortes. E então no judo… há-de ser
um exercício de tática, mas também de impulso. Têm de usar estas
motivações em seu proveito próprio”, aconselhou.Diana Gomes sugere aos judocas que “utilizem, para proveito próprio, a raiva que vão sentido com estes problemas”.“É
a única forma de conduzir tudo que está a acontecer. A nível pessoal,
das suas carreiras, a nível mental, a carga que estão a receber é
altíssima. Têm mesmo de virar o jogo a seu favor”, desafiou.Telma
Monteiro, a judoca portuguesa mais medalhada de sempre, revelou ainda
que no sábado, na reunião de planeamento, os treinadores foram
informados de que ela própria, tal como outros atletas, já não têm verba
do projeto olímpico, gerido pela federação, para realizar o planeamento
definido.“O que podem fazer? Têm de
confiar na tutela. Consegui saber que já estão a averiguar a situação. O
que tinha sido acordado, se o consenso a que chegaram está a ser
cumprido. Sei que estão atentos, extremamente preocupados também. E sei
que já estão em movimento. Temos todos de confiar que daí sairá um
resultado para os atletas nesta situação extrema”, sublinhou a
presidente da CAO.A dirigente recorda que o
investimento do projeto olímpico “existe porque há atletas e é feito na
sua preparação, não nas federações em si”, pelo que entende que a
situação tem de ser “realmente averiguada”, algo que, conta, “o IPDJ
(Instituto Portugês do Desporto e da Juventude) já está a fazer”. No
verão, sete judocas – Telma Monteiro, Catarina Costa, Patrícia Sampaio,
Rochele Nunes, Bárbara Timo, Anri Egutidze e Rodrigo Lopes - escreveram
uma carta, na qual acusavam o presidente da FPJ de opressão,
discriminação e ameaças, lamentando o “clima insustentável e tóxico” que
estavam a viver.Poucos dias depois, a
selecionadora nacional Ana Hormigo solidarizou-se com os judocas,
afirmando que os mesmos “estão exaustos” e que “não querem estar
sujeitos a um sistema que nem se digna a ouvi-los”.“Os
atletas têm uma oportunidade única nas suas vidas de fazer as suas
carreiras, representar o seu país e mostrar a sua melhor performance,
enquanto nas federações os presidentes e direções vão sendo substituídas
e lá continuam”, desabafou. Diana Gomes
disse ainda que tem conhecimento de que há mais atletas “descontentes”
com a gestão de Jorge Fernandes, além dos sete que assinaram a carta
aberta.