Comissão aponta falhas na certificação de vinho açoriano, entidade responsável admite um caso
16 de jan. de 2019, 16:31
— Lusa/AO Online
Em
declarações à Lusa, o presidente da CVR, Vasco Paulos, explicou que,
até 2018, "havia essa lacuna no diploma que rege a marca",
encontrando-se no mercado vinhos “a quem foi atribuída a Marca Açores e
que não tinham sido certificados pela CVR”.Contudo,
essa situação “foi alterada” e, desde o ano passado, os vinhos, para
ostentarem a Marca Açores, “têm de passar obrigatoriamente pela
certificação da CVR”, que é o “único processo que garante nos Açores a
autenticidade dos vinhos como sendo genuínos e açorianos”.Contactada
pela Lusa, a presidente da Sociedade de Desenvolvimento Empresarial dos
Açores (SDEA), que gere a Marca Açores, admitiu que a atribuição da
Marca Açores sem a certificação da CVR aconteceu uma única vez,
estando-se perante um caso isolado.“Nós
atribuímos o selo a um vinho regional produzido em Vila Franca do
Campo. Mas achámos por bem, há cerca de um ano e meio, quando houve o
pedido de renovação do selo, não atribuir a Marca Açores porque esse
vinho não tinha feito o registo na CVR”, explicou Marisa Toste.A
responsável explicou que, no caso do vinho de Vila Franca do Campo, foi
sugerido ao produtor em causa avançar para o processo de certificação
do vinho na CVR dos Açores, tendo a responsável destacado que, “de
acordo com a legislação em vigor, pode-se atribuir [o selo Marca
Açores], mas isto não se faz porque este é agora atribuído de acordo com
os critérios da CVR”.Marisa
Toste destacou que se considerou que “era importante que os vinhos dos
Açores, para usufruírem da Marca Açores, também deviam ter esta
certificação [da CVR], funcionando todo o processo como uma dupla
certificação" com base na “coerência, transparência e assertividade”.Nos
Açores, cabe à CVR, com sede na Madalena, ilha do Pico, “garantir a
genuinidade e a qualidade dos vinhos, o fomento e o controle dos vinhos,
a definição do seu processo produtivo e a promoção e defesa interna e
externa dos vinhos certificados”.“A
única garantia, neste momento, que há nos Açores, que os vinhos são
açorianos é o processo de certificação da CVR, tanto com a Identificação
Geográfica Protegida (IGP) Açores como com a Denominação de Origem
Protegida (DOP) do Pico, Biscoitos e Graciosa”, declara Vasco Paulos.Além
de constituir “uma mais valia” para os produtores, a certificação dos
vinhos pela CVR dos Açores é uma forma também de se proteger o produto
regional de eventuais falsificações, afirmou Vasco Paulos.A
Inspeção de Atividades Económicas dos Açores (IAEA) está a investigar
alegadas práticas ilegais no comércio de vinhos do arquipélago, na
sequência da denúncia de um grupo de produtores do Pico.Segundo
o presidente da IAEA, Paulo Machado, estão em causa importações de
vinho do continente e de outros países europeus, a granel, engarrafado
na região e “eventualmente a usar no rótulo” a Denominação DOP ou de IGP
Açores.A
região possui 37 vinhos certificados, 14 produtores, três castas nobres e
três regiões demarcadas: Biscoitos, na ilha Terceira; Graciosa e Pico.