"Comércio em Lisboa deve estar aberto ao sábado e encerrado ao domingo"
Covid-19
7 de dez. de 2020, 16:21
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de
Valorização do Chiado e a presidente da Associação de Comerciantes de
Alvalade concordaram que as medidas restritivas por causa da pandemia
trouxeram deceção ao setor e que as manhãs de sábado e de domingo
provocam ajuntamentos de pessoas “sem resultados práticos”.“Se
houvesse um sábado todo dia aberto, então, se calhar, não havia tanta
gente em simultâneo, mas havia conversão de vendas. As pessoas estão
habituadas a vir comprar ao sábado”, apontou presidente da Associação de
Valorização do Chiado, Victor Silva. De
acordo com o responsável, muitas lojas já fecharam na Baixa de Lisboa
devido a problemas financeiros e muitas apresentam quebras na faturação
na ordem dos 80%.“Na minha opinião, seria
preferível fechar o domingo. Se querem fazer limitações, que fechassem
um dia, mas que o sábado corresse normalmente”, disse, ressalvando que
“está a ser muito mau do ponto de vista da economia. Observando
um cenário desolador, Victor Silva atentou que os comerciantes
esperavam por um bom mês de dezembro, realçando que a manutenção do
recolher obrigatório às 13h00, em Lisboa, nos dois próximos fins de
semana “não está bem pensado”.“Não é
solução nenhuma. Foi a pior notícia. Depois de termos perdido todos os
feriados, vésperas de feriados, sábado e agora, na parte final, ficarmos
sem os últimos sábados, não se percebe”, salientou, sustentando que as
medidas apenas vêm “potenciar as vendas ‘online’”.Na
Área Metropolitana de Lisboa (AML) apenas quatro concelhos, Almada,
Barreiro, Lisboa e Loures, continuam com “risco muito elevado” de
contágio pelo novo coronavírus. Nesses
quatro municípios também continuará em vigor a obrigatoriedade de
encerramento do comércio e da restauração a partir das 13h00 aos fins de
semana.São consideradas exceções os
estabelecimentos de venda a retalho de produtos alimentares, bem como
naturais ou dietéticos, de saúde e higiene, que disponham de uma área de
venda ou prestação de serviços igual ou inferior a 200 metros quadrados
com entrada autónoma e independente a partir da via pública.Também
a presidente da Associação de Comerciante de Alvalade, Elsa Gentil
Homem, explicou que os consumidores preferem ir ao comércio tradicional à
tarde e que é só “à uma [da tarde] que as pessoas começam a andar na
rua”.“O nosso Natal está feito. Eu sei que
se estivermos doentes é bem pior. Agora, não se consegue vender. As
pessoas não entram de manhã. As compras de Natal são feitas ao sábado à
tarde”, indicou, propondo o encerramento do comércio ao domingo. Para
Elsa Gentil Homem, era preferível abrir ao sábado à tarde e fechar ao
domingo o dia todo, porque as pessoas dividem-se entre a manhã e a tarde
e acaba por não haver tantos ajuntamentos. “Uma
solução que eu acharia normal era toda a gente fechar no domingo -
domingo todo - como se fazia antigamente. Antigamente não havia comércio
ao domingo. As pessoas estavam todas em casa ou passeavam na rua”,
disse.Considerando que o comércio
tradicional sairá prejudicado com a crise pandémica, Elsa Gentil Homem
disse que muitas lojas já não reabrem no início do próximo ano.“As
pessoas que não encerraram até agora tinham esperança no mês de
dezembro, que cobre algumas situações do ano. Agora, como isto está no
mês de dezembro, acredito que no mês de janeiro muitas lojas não irão
abrir”, referiu.Nos dias úteis, o recolher
obrigatório em Lisboa vigora entre as 23h00 e as 05h00 e os
estabelecimentos comerciais têm de encerrar até às 22h00. Os
restaurantes, equipamentos culturais e instalações desportivas devem
encerrar até às 22h30 (estabelecimentos de restauração podem funcionar
até à 01h00, mas apenas para entregas ao domicílio).Por
seu turno, o presidente da Associação Empresarial de Comércio e
Serviços dos Concelhos de Loures e Odivelas, Alcindo Almeida considerou
que a saída de Odivelas da situação de "risco muito elevado" é uma boa
notícia para os comerciantes do município, lamentando que Loures
continue "na mesma".