Comerciantes de pescado repudiam nova taxa da SATA Air Açores
15 de out. de 2025, 09:28
— Paula Gouveia
A Associação dos Comerciantes do Pescado dos Açores (ACPA) “repudia
veementemente” a decisão da SATA Air Açores de aplicar mais uma taxa no
transporte aéreo de carga interilhas – desta vez, a Taxa de “Raio-X”,
com efetividade já a partir de 1 de novembro, “ algo que acontece pela
primeira vez no transporte aéreo no arquipélago”.No valor de 0,11
euros/kg, com um valor mínimo por consignamento de seis euros, a nova
taxa, segundo as contas da ACPA, representará um aumento médio do custo
total de 0,21€/kg, representando uma subida entre 23% e 70%, consoante o
destino.De acordo ainda com a Associação dos Comerciantes do
Pescado dos Açores, os destinos mais penalizados, em termos percentuais,
serão Santa Maria e Terceira. As cargas pequenas (<60kg) também
serão as mais afetadas devido ao mínimo de seis euros por envio. E, por
outro lado, empresas com grande volume interilhas “enfrentarão aumentos
significativos nos custos operacionais e, obviamente, a perda de
competitividade”, adianta a ACPA.De acordo com a avaliação já feita
pela associação, esta taxa terá um “impacto desproporcional: a taxa
penaliza as ilhas mais pequenas fragilizando, ainda mais, a coesão
económica e social do arquipélago”.Os comerciantes de pescado não
têm dúvida de que esta taxa, criada “sem consulta prévia aos operadores
económicos”, será “mais um duro golpe para a economia regional,
particularmente num arquipélago em que a insularidade e dispersão
geográfica já impõem custos logísticos muito elevados”. sendo certo que
“o seu impacto estender-se-á a toda a cadeia económica, penalizando
especialmente os produtos perecíveis, como o pescado fresco, que
depende indubitavelmente do transporte célere entre as ilhas”.A ACPA
alerta que afetará “em particular as empresas do setor do pescado, que
são as responsáveis pelo maior volume de carga aérea transportada entre
as ilhas, mas também todos os produtores e comerciantes locais que
dependem do transporte aéreo para garantir o abastecimento entre as
ilhas”. “As consequências serão inevitáveis: aumento dos custos,
perda de competitividade, perturbação logística e, consequentemente, o
encarecimento do custo de vida para os consumidores açorianos”,
sublinham os comerciantes de pescado dos Açores.A associação
expressa a sua preocupação com o momento difícil que o setor atravessa, à
custa das novas Áreas Marinhas Protegidas, a reestruturação do setor, a
redução “muito significativa” das verbas para o setor no Orçamento da
Região para 2026, e agora agravamento de custos.A ACPA considera,
por isso, “urgente” reavaliar a decisão de aplicar esta taxa, apelando
ao Governo Regional, à SATA e às entidades competentes para que promovam
um diálogo transparente e participado com os setores afetados, no
sentido de encontrar soluções equilibradas e justas que defendam o
interesse público e o futuro económico dos Açores”.Mas lembra que
“já havia alertado para os efeitos negativos do aumento das taxas de
handling, ocorrido em junho passado” e que “foram então realizadas
reuniões com a Administração da SATA e com a Direção Regional da
Mobilidade, nas quais a ACPA apresentou uma contraproposta fundamentada,
que até à data não mereceu qualquer resposta — o que lamentamos
profundamente”.Dizem por isso: “Salvemos a SATA! Não podemos é com isto destruir o tecido empresarial que dela depende e necessita".