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Comerciantes de pescado repudiam nova taxa da SATA Air Açores

Associação dos Comerciantes do Pescado dos Açores alerta para impacto que terá decisão da SATA Air Açores de aplicar mais uma taxa no transporte aéreo de carga interilhas


Autor: Paula Gouveia

A Associação dos Comerciantes do Pescado dos Açores (ACPA) “repudia veementemente” a decisão da SATA Air Açores de aplicar mais uma taxa no transporte aéreo de carga interilhas – desta vez, a Taxa de “Raio-X”, com efetividade já a partir de 1 de novembro, “ algo que acontece pela primeira vez no transporte aéreo no arquipélago”.

No valor de  0,11 euros/kg, com um valor mínimo por consignamento de seis euros, a nova taxa, segundo as contas da ACPA, representará um aumento médio do custo total de 0,21€/kg, representando uma subida entre 23% e 70%, consoante o destino.

De acordo ainda com a Associação dos Comerciantes do Pescado dos Açores, os destinos mais penalizados, em termos percentuais, serão Santa Maria e Terceira. As cargas pequenas (<60kg) também serão as mais afetadas devido ao mínimo de seis euros por envio. E, por outro lado, empresas com grande volume interilhas “enfrentarão aumentos significativos nos custos operacionais e, obviamente, a perda de competitividade”, adianta a ACPA.

De acordo com a avaliação já feita pela associação, esta taxa terá um “impacto desproporcional: a taxa penaliza as ilhas mais pequenas fragilizando, ainda mais, a coesão económica e social do arquipélago”.

Os comerciantes de pescado não têm dúvida de que esta taxa, criada “sem consulta prévia aos operadores económicos”, será “mais um duro golpe para a economia regional, particularmente num arquipélago em que a insularidade e dispersão geográfica já impõem custos logísticos muito elevados”. sendo certo que “o seu impacto estender-se-á a toda a cadeia económica, penalizando especialmente os produtos perecíveis, como o pescado  fresco, que depende indubitavelmente do transporte célere entre as ilhas”.

A ACPA alerta que afetará “em particular as empresas do setor do pescado, que são as responsáveis pelo maior volume  de carga aérea transportada entre as ilhas, mas também todos os produtores e comerciantes locais que  dependem do transporte aéreo para garantir o abastecimento entre as ilhas”. 

“As consequências serão  inevitáveis: aumento dos custos, perda de competitividade, perturbação logística e, consequentemente,  o encarecimento do custo de vida para os consumidores açorianos”, sublinham os comerciantes de pescado dos Açores.

A associação expressa a sua preocupação com o momento difícil que o setor atravessa, à custa das novas Áreas Marinhas Protegidas, a reestruturação do setor, a redução “muito significativa” das verbas para o setor no Orçamento da Região para 2026, e agora agravamento de custos.

A ACPA considera, por isso, “urgente” reavaliar a decisão de aplicar esta taxa, apelando ao Governo Regional, à SATA e às entidades competentes para que promovam um diálogo transparente e participado com os setores afetados, no sentido de encontrar soluções equilibradas e justas que defendam o interesse público e o futuro económico dos Açores”.

Mas lembra que “já havia alertado para os efeitos negativos do aumento das taxas de handling, ocorrido em junho passado” e que “foram então realizadas reuniões com a Administração da SATA e com a Direção Regional da Mobilidade, nas quais a ACPA apresentou uma contraproposta fundamentada, que até à data não mereceu qualquer resposta — o que lamentamos profundamente”.

Dizem por isso: “Salvemos a SATA! Não podemos é com isto destruir o tecido empresarial que dela depende e necessita".