Combate às alterações climáticas deve receber forte investimento europeu
23 de set. de 2020, 10:59
— Lusa/AO Online
Falando numa
conferência virtual sobre “Novos Dilemas da Sustentabilidade”, João
Pedro Matos Fernandes salientou a importância do momento atual para se
investir numa nova economia, não só na União Europeia, mas também em
Portugal.Além dos investimentos públicos,
Matos Fernandes salientou a importância dos investimentos privados em
setores como a bioeconomia, a descarbonização da indústria, a
despoluição das cidades ou o “fortíssimo investimento na indústria da
distribuição”. E considerou importante
que as empresas sejam avaliadas pelos seus critérios de compromisso de
sustentabilidade, salientando a “necessidade de deixar de financiar”
investimentos em combustíveis fósseis e que promovam emissões de gases
com efeito de estufa.Organizada pela
Euronext Portugal (bolsa de valores) e pela Associação de Empresas
Emitentes de Valores Cotados em Mercado (AEM) a conferência destinou-se a
debater a forma de acelerar e financiar a reconstrução económica, “com a
convicção de que o futuro premiará aqueles cujos modelos de negócio
adotem as melhores práticas ambientais, sociais e de governo”, de acordo
com a apresentação da iniciativa.Matos
Fernandes, a quem coube abrir a conferência, elogiou a indústria e a
forma como se está a adaptar aos novos tempos, mas acrescentou: “o
elogio que faço ao setor industrial não posso fazer da mesma forma ao
sistema financeiro”.Afirmando que a
pandemia de covid-19 fez emergir um conjunto de valores que vão fazer
com que surjam novos investimentos, Matos Fernandes avisou que “o
mercado de capitais tem de ser muito exigente nos projetos que aceita”.O
ministro disse não poder prever até quando os cidadãos vão suportar
investimentos que vão contra o seu próprio bem estar, mas disse não ter
dúvidas que a mudança “vai ser rápida” e que os bancos “têm mesmo” de se
orientar para produtos diferentes e investimentos “verdes”.E
foi precisamente o presidente de um banco (Millennium BCP), Miguel
Maya, quem falou depois no início do debate, afirmando que pensar no
regresso dos valores do PIB aos tempos de antes da pandemia não é
“suficientemente ambicioso” e que este é o momento de “mudar em
substância”.“O que está em causa é mais do
que o nosso modo de viver, está em causa a nossa sobrevivência. E não
temos muito tempo”, afirmou, reafirmando que a recuperação do PIB no
mesmo modelo não garante a sustentabilidade do sistema, nem das
empresas, nem o bem-estar das pessoas.“Temos
de aproveitar para mudar de paradigma. Estamos a viver um momento
crítico que não podemos desperdiçar. Não nos podemos permitir não ser
protagonistas neste processo de transição”, disse.