Combate à violência doméstica exige mais capacidade orçamental
25 de nov. de 2019, 18:51
— Lusa/AO Online
"Ela [maior capacidade financeira]
existirá no Orçamento de Estado (OE)”, previu Mariana Vieira da Silva,
que juntamente com a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, a
procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, e a secretária de
Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, visitaram hoje o
Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) do Departamento de Investigação e Ação
Penal (DIAP) de Loures. Na visita, que
serviu para assinalar o Dia Internacional da Eliminação da Violência
contra as Mulheres, a ministra da Justiça explicou que a escolha do GAV
do DIAP de Loures deveu-se à "proximidade" geográfica e a critérios
organizativos, tendo a iniciativa de hoje permitido avaliar como as
"coisas estão a funcionar", tendo ficado com a ideia de que existe uma
"boa articulação dos técnicos do GAV com os magistrados".
Francisca Van Dunem realçou a importância do funcionamento dos GAV no
caminho que "todos têm que percorrer" para conseguir erradicar a
violência sobre as mulheres e a violência doméstica.
Por seu lado, Mariana Vieira da Silva salientou que o combate à "chaga"
que é a violência contra as mulheres só será eficaz se envolver
"diferentes serviços públicos: o Ministério Público, as polícias e as
organizações não-governamentais (ONG)", insistindo que o problema terá
que ter uma "resposta integrada" e rápida, que exige um trabalho em
rede. A ministra referiu que os GAV já
existentes só foram possíveis graças às condições financeiras criadas e
que o Governo continuará a apostar neste domínio, o que implicará
necessariamente uma "capacidade orçamental maior" e que esta "existirá
no OE".Confrontada com o elevado número de
queixas e inquéritos sobre violência doméstica, que são crime público, a
procuradora-geral da República reconheceu que tem de haver uma
"congregação de esforços de várias entidades, inclusive do poder
executivo", para que existam "meios materiais e humanos" que
efetivamente permitam um "combate robustecido à violência doméstica"."Não
é desconhecido de ninguém que o MP se debate atualmente com a carência
de magistrados, que é uma carência importante (...) Estou crente que o
executivo está apostado (em colmatar o problema), mas o futuro dirá se
realmente o recrutamento de magistrados que vai ocorrer no próximo ano
no Centro de Estudos Judiciários (CEJ) será uma forma de reforçar
justamente esse domínio", observou.Quanto
ao DIAP de Loures, Lucília Gago referiu que a indicação que lhe foi dada
pelas magistradas locais é a de que não tem havido um acréscimo
significativo de inquéritos relativos a violência doméstica, tendo todas
os intervenientes na iniciativa de hoje destacado a importância da
prevenção e da divulgação das medidas de proteção às vítimas.A
Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou em cinco anos
(2013-2018) mais de 100 mil crimes em contexto de violência doméstica e
apoiou mais de 43 mil pessoas, a maioria (86%) mulheres.Os
dados divulgados na semana passada pelo Governo indicam que 33 pessoas
foram mortas este ano em contexto de violência doméstica, entre 25
mulheres adultas, uma criança e sete homens.