Coligação destaca "roubo do século", transparência e responsabilidade nos primeiros 100 dias
Açores/Governo
4 de mar. de 2021, 11:12
— Lusa/AO Online
Presidido
pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, o novo executivo tomou
posse em 24 de novembro de 2020 perante a Assembleia Legislativa, na
Horta, depois de 24 anos de poder do PS, 20 dos quais com maioria
absoluta.Num balanço da governação pela
coligação que o seu partido integra, a par do PSD e do CDS-PP, o líder
do PPM/Açores, Paulo Estêvão, referiu, em declarações à agência Lusa,
que o primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, “levou para a cova
do Ali Babá 140 milhões de euros que pertencem ao povo dos Açores”,
numa alusão às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência para a
região.“Além da luta contra a pandemia e
os apoios aos setores produtivos e às questões sociais, identifico o
ataque – é, na verdade, uma espécie de retaliação ideológica – do
Governo socialista da República como o problema mais premente", afirmou.
Na sua opinião, Vasco Cordeiro, ex-presidente do Governo Regional e
agora deputado da oposição, "escondeu à opinião pública açoriana – a
poucos dias das eleições regionais de 25 de outubro - que os prometidos
720 milhões que seriam disponibilizados aos Açores no âmbito do Fundo de
Recuperação e Resiliência são, afinal, apenas 580 milhões de euros”. Se
forem incluídos os 20 milhões de euros “prometidos pela República para
combater as consequências do furacão Lorenzo, que se evaporaram em
2020", e as "também desaparecidas verbas que tinham sido prometidas à
Universidade dos Açores”, fica-se então “com a perfeita noção de que se
está a ser alvo de uma vingança socialista de enorme dimensão”,
considerou Paulo Estêvão.Para o dirigente do PPM, trata-se de “um castigo do Governo central pelo exercício da liberdade de voto nos Açores”.“O
nosso desafio político é resistir a estas pressões, manter a liberdade
de escolha nos Açores e evitar o roubo que os socialistas da República
querem realizar aos Açores”, declarou.O
líder parlamentar do PSD/Açores, Pedro Nascimento Cabral, também em
declarações à Lusa, considerou que com este governo “é possível
escrutinar todos os atos de gestão pública pelos partidos políticos e
sociedade civil”, já que uma das referências desta gestão é a
transparência. “Neste tempo novo de
governação, que é ainda muito pouco, o Governo Regional deu passos
determinantes para assegurar que esta nova mentalidade veio para ficar,
independentemente dos desafios que tem pela frente, nomeadamente quando
pretende esclarecer os açorianos sobre a real situação da transportadora
aérea regional, não só no que diz respeito ao seu passado, mas
sobretudo em relação ao seu futuro”, afirmou.O
deputado apontou o combate à pandemia da covid-19 como um dos grandes
desafios, que é para continuar, e sublinhou que “nos Açores a ação do
Governo Regional tem produzido efeitos no combate à pandemia, garantindo
que a região tenha ficado à margem dos números e do caos verificado em
algumas regiões do continente”.Para o
social-democrata, “apoiar as famílias e as empresas açorianas é, no
imediato, um enorme desafio para o Governo Regional dos Açores”, sendo
que “há um conjunto de medidas que foram já tomadas pelo executivo para
manter e proteger o emprego, mas o compromisso para debelar as
dificuldades económicas e sociais tem de ir mais longe, não esquecendo
as localidades mais afetadas em virtude das cercas sanitárias”. O
líder regional do CDS-PP e vice-presidente do Governo dos Açores, Artur
Lima, referiu que estes 100 dias de governação “foram de trabalho
árduo, mas compensador”, com o executivo a “defrontar-se com a maior
crise de saúde pública” conhecida, tendo “assumido desde o início uma
postura atuante, reagindo com sentido de responsabilidade”. “Os nossos esforços traduziram-se em resultados e neste momento a região apresenta a situação menos grave do país”, destacou.Para
Artur Lima, o Plano e Orçamento para 2021 “terá de satisfazer as
necessidades mais urgentes dos açorianos, quer ao nível da proteção de
rendimentos das famílias e do relançamento da atividade económica, quer
no combate à pobreza”.O presidente
centrista referiu que, “numa altura em que a República não foi
solidária” para com os Açores, se optou por criar um apoio excecional ao
elemento do agregado familiar que tivesse de ficar em casa a prestar
auxílio ao filho, pago integralmente por fundos regionais e que protegia
a totalidade dos rendimentos perdidos”.Na
perspetiva do vice-presidente, “existem quatro grandes prioridades para
o imediato: preparar o pós-pandemia no arquipélago e responder às
necessidades de curto prazo; reconfigurar o combate à pobreza e à
exclusão social; definir o novo paradigma de cuidados aos idosos; e
estruturar uma estratégia para a habitação que acautele as necessidades
dos jovens e das classes médias”.Apesar de
os indicadores respeitantes à pobreza “terem melhorado, continua-se com
o risco de pobreza ou de exclusão social acima dos 30% e a ser a região
do país com maior desigualdade social”, pelo que a estratégia “terá de
ser integrada, com contributos do emprego, da solidariedade e da
educação”, sublinhou.