Coligação de Scholz sob pressão apesar de vitória do SPD em eleição regional alemã
24 de set. de 2024, 11:58
— Lusa/AO Online
Apesar
de não ter vencido, como indicavam algumas sondagens, o partido de
extrema-direita (AfD) esteve lá perto, com quase 30% dos votos. Um
resultado muito expressivo, sobretudo entre os mais jovens, depois do
primeiro lugar nas eleições da Turíngia, e do segundo na Saxónia.Stefan
Aust, publisher do “Welt” e antigo editor-chefe da revista semanal do
“Spiegel” atribui o bom resultado da extrema-direita ao “disparate
acumulado da coligação 'semáforo'”, que junta no governo federal o SPD
aos Verdes e Liberais. O “Tageschau”
admite que o SPD enfrenta agora um problema: ganhar as eleições
legislativas do próximo ano na Alemanha, admitindo que parece ter
resultado a estratégia de Dietmar Woidke, candidato e
ministro-presidente do estado de Brandenburgo há 11 anos, apesar de em
coligação com os Verdes e a União Democrata-Cristã (CDU).“O
SPD ganhou nesta região porque tinha um candidato principal muito
popular que colocou todos os ovos no mesmo cesto: ‘Se perder para a AfD,
vou-me embora’, declarou Woidke. Isso trouxe ao SPD votos de eleitores
que, de outra forma, não teriam votado no SPD, mas que agora queriam
fortalecer o partido contra a AfD”, analisa o jornal.Resta
saber se essa estratégia “arriscada” poderá ter sucesso numa votação
geral. Para o jornal “Frankfurter Allgemeine” (FAZ) é importante
perceber que candidato poderá dar ao SPD alguma chance de vencer as
próximas eleições federais.“O sucesso de
Woidke é visível. O candidato é extremamente importante. Isto não se
refere a Scholz, mas sim a um dos políticos mais populares, o
social-democrata e Ministro da Defesa Boris Pistorius”, aponta o FAZ.O
jornal refere ainda a distância que se verificou entre Woidke e Scholz
durante a campanha, para que Brandenburgo e o “semáforo” não se
misturassem. Ainda os resultados em
Brandenburgo se contam e já os jornais publicam uma nova sondagem que
indica que os três partidos que formam o governo liderado por Olaf
Scholz (SPD) atingem valores historicamente baixos. O diário
“Tagesspiegel” questiona-se sobre se a coligação ‘semáforo’ chegará até
ao Natal.Se por um lado as manchetes
debatem se o SPD conseguirá unir-se ao partido populista de esquerda
BSW, de Sahra Wagenknecht, em Brandeburgo, por outro, destacam mais um
tropeção da coligação nacional, formada pelo SPD, os Verdes e os
Liberais. Se, por um lado, o partido de Scholz ganhou votos no seu
estado “bastião”, por outro, os seus companheiros de executivo voltaram a
descer.Depois das quedas registadas nas
eleições da Turíngia e da Saxónia, os Verdes caíram para 4,1% em
Brandeburgo, menos 6,7 pontos do que nas anteriores votações nesta
região, e os Liberais (FDP) tiveram o pior resultado de sempre, não
chegando a 1%. Lindner falou de um “resultado preocupante” para o seu
partido.“Poderá a coligação ‘Semáforo’
aguentar-se mais um ano após os seus reveses eleitorais no Leste?”,
questiona o jornal “Welt”, apontando uma decisão do líder dos Liberais,
Christian Lindner, já para o mês de novembro.Matthias
Nölke, do FDP de Kassel, citado pelo “Tagesspiegel”, afirmou que "a
reunião do executivo federal do FDP é o momento certo para decidir sobre
uma votação dos membros para abandonar a coligação semáforo". Se
não for possível encontrar um “denominador comum razoável nas próximas
duas ou três semanas”, não fará sentido que os Liberais continuem a
participar nesta coligação, defendeu o vice-presidente do partido,
Wolfgang Kubicki, em declaração à “Welt tv”.Sobre
o resultado dos Verdes, o “Spiegel” escreve que foi um “duro golpe para
o partido federal”, que foi “expulso do parlamento estadual” de
Brandenburgo, e está a “enfrentar tempos difíceis”.