Coligação de países quer contingente credível para garantir paz duradoura
Ucrânia
10 de abr. de 2025, 17:55
— Lusa/AO Online
Na abertura da reunião dos
ministros da Defesa da coligação de voluntários, organizada por França e
pelo Reino Unido na sede da NATO, em Bruxelas, o responsável da Defesa
britânico, John Healey, afirmou que a primeira prioridade é garantir a
segurança nos céus, seguida da segurança no mar e “apoiar a paz no
terreno”.Outro objetivo passa pelo reforço do exército ucraniano tanto quanto possível para repelir qualquer ofensiva.A coligação tem um “planeamento real e substancial”, disse Healey.“Os
nossos planos estão bem desenvolvidos e temos objetivos claros para a
Ucrânia”, afirmou, especificando que 200 responsáveis militares de 30
países estão a trabalhar para desenvolver planos para aprofundar o
envolvimento europeu na Ucrânia.Healey
referiu-se ao envio de um contingente militar para a Ucrânia, indicando
que as forças de garantia “seriam um dispositivo de segurança empenhado e
credível” para garantir uma “paz duradoura” na Ucrânia, “como prometeu”
o Presidente norte-americano, Donald Trump, lembrou.O
governante britânico apontou que a Rússia prossegue os seus ataques
diários contra a Ucrânia, apelando por isso para que “não se esqueça a
guerra” e que se exerça toda a pressão possível sobre o Kremlin
(presidência russa) para que se sente e negoceie. Ao
mesmo tempo, sublinhou o sinal que a coligação está a enviar ao
Presidente russo, Vladimir Putin, ao reunir 30 países unidos na
convicção de que “a paz é possível” e que devem estar preparados para
quando esse momento chegar.A reunião na sede da NATO reúne cerca de 30 países e tem como objetivo fazer
progressos no planeamento de uma força multinacional para ajudar a
manter a paz na Ucrânia a longo prazo, com a ideia de um destacamento
para reforçar a segurança quando for alcançado um cessar-fogo.Trata-se
da primeira reunião entre os ministros da Defesa da chamada “coligação
dos dispostos”, tendo Portugal sido representado pelo secretário de
Estado adjunto e da Defesa, Álvaro Castelo Branco.Ainda
há muitas incógnitas em relação a este destacamento militar, que o
Presidente francês, Emmanuel Macron, limitou a um grupo de países
interessados e que deverá ter o apoio técnico e político dos Estados
Unidos, como tem insistido o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Como
é habitual nas reuniões da coligação, os Estados Unidos não participam,
mas o sucesso da operação depende do apoio de Washington com poder
aéreo ou outra assistência militar. No entanto, a administração Trump
não se comprometeu publicamente com estas iniciativas.Os
países também estão relutantes em contribuir com pessoal sem o apoio
dos Estados Unidos. Os europeus não podem igualar os sistemas de armas, a
recolha de informações e as capacidades de vigilância por satélite dos
Estados Unidos. A chefe da política
externa da União Europeia (UE), Kaja Kallas, disse que os ministros
estavam “a tentar manter os Estados Unidos a bordo”.No
meio desta incerteza e dos avisos dos Estados Unidos de que a Europa
deve cuidar da sua própria segurança e da segurança da Ucrânia no
futuro, a força é vista como um primeiro teste à vontade do continente
de se defender a si próprio e aos seus interesses.A
sua composição dependerá da natureza de qualquer acordo de paz, mas é
pouco provável que o contingente fique estacionado na fronteira da
Ucrânia com a Rússia. Ficaria localizado mais longe da linha de
cessar-fogo, talvez mesmo fora da Ucrânia, e seria destacado para
contrariar qualquer ataque russo. É provável que o cessar-fogo seja
monitorizado com meios técnicos, como câmaras de vigilância e satélites.
As tropas que o fizerem terão de ser
aceites por ambas as partes e fontes aliadas admitiram recentemente que o
contingente internacional será inviável sem a aprovação da Rússia.Construir
uma força suficientemente grande para atuar como um dissuasor credível
está a revelar-se um esforço considerável para estas nações, que
encolheram as suas forças armadas após a Guerra Fria, mas que estão
agora a rearmar-se. As autoridades britânicas falaram de 10.000 a 30.000
soldados.Na sexta-feira, representantes
de cerca de 50 países vão reunir-se igualmente na sede da NATO, em
Bruxelas, para angariar apoio militar para a Ucrânia, numa reunião
presidida pelo Reino Unido e pela Alemanha.