CNE diz que transmissão de debates em sinal fechado põe em causa igualdade de oportunidades
16 de abr. de 2025, 17:24
— Lusa/AO Online
“Pode,
de facto, a escolha do meio de transmissão (em sinal aberto ou fechado)
prejudicar a efetiva igualdade de oportunidades das candidaturas
consagrada no artigo 56.º da LEAR (Lei Eleitoral da Assembleia da
República), segundo a qual estas têm direito a igual tratamento a fim de
efetuarem, livremente e nas melhores condições, a sua campanha
eleitoral”, justifica a CNE.A posição
consta de uma deliberação, divulgada em ata, referente a uma queixa
apresentada pelo Chega contra a RTP, SIC e TVI pelos “pressupostos do
debate televisivo”, que o partido diz inquinarem os princípios
democráticos do processo eleitoral.Em
concreto, o Chega alega uma desigualdade de tratamento, por um lado,
devido à escolha dos candidatos que vão representar a AD nos debates,
repartidos entre os líderes do PSD, Luís Montenegro, e do CDS-PP, Nuno
Melo, mas também devido à programação dos debates.No
parecer que remete à Entidade Reguladora para a Comunicação Social
(ERC), a CNE reafirma que os órgãos de comunicação social não têm
competência para intervir na escolha dos candidatos, mas admite que a
escolha do meio de transmissão pode pôr em causa a igualdade de
oportunidades.A maioria dos debates será
transmitida em sinal aberto, na RTP1, RTP3, SIC e TVI, mas estão também
agendados debates na SIC Notícias e na CNN Portugal, em sinal fechado.Na
mesma reunião, a 8 de abril, a CNE deliberou também sobre uma queixa
apresentada pelo PCP contra a RTP1 por uma entrevista ao
secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, no dia 24 de março no
Telejornal.Conduzida pelo jornalista José
Rodrigues dos Santos e feita no âmbito das eleições legislativas
antecipadas de maio, o único tema abordado durante a entrevista, que
teve uma duração de 10 minutos, foi a posição do PCP sobre a guerra na
Ucrânia.A CNE remete a queixa para a ERC,
com competências em relação ao tratamento jornalístico das candidaturas
em período eleitoral, mas admite, no parecer enviado, que podem estar em
causa a igualdade de oportunidades e os deveres de neutralidade e
imparcialidade impostos ao serviço público.“Tratando-se
de entrevistas que visam a eleição da Assembleia da República, e
existindo um critério desigual e aleatório na escolha dos temas e sua
relação com o ato eleitoral em presença, poderá, pois, tal conduta ferir
a efetiva igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas
candidaturas bem como a neutralidade e imparcialidade da RTP perante as
diversas candidaturas”, lê-se na ata.