CNE aponta alegada violação de imparcialidade ao Governo Regional
28 de dez. de 2023, 17:35
— Lusa
A notícia foi avançada pelo jornal Expresso, que teve acesso a uma deliberação da CNE ainda não publicada.Em
causa estão publicações nas redes sociais oficiais do executivo
açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) feitas após a marcação de eleições antecipadas
nos Açores para 04 de fevereiro, que segundo a CNE violam o dever de
imparcialidade e neutralidade.“As
publicações em causa nos processos analisados foram promovidas pelo
Governo Regional dos Açores já depois da data da marcação da eleição -
11 de dezembro de 2023 –, isto é, num momento em que já se encontrava
aquele órgão e os seus titulares sujeitos a especiais deveres de
neutralidade e de imparcialidade”, adiantou a CNE na deliberação citada
pelo Expresso.A investigação da CNE
resultou de 10 queixas do PS/Açores, que governou a região durante 24
anos até 2020, ano em que tomou posse o executivo da coligação
PSD/CDS-PP/PPM.Segundo a CNE, as publicações em causa tinham como objetivo “transmitir uma imagem positiva” do executivo açoriano.“Se
é certo que a atividade governativa não é interrompida pelo início de
um processo eleitoral, mais certo é que esta deve rodear-se de maiores
cautelas para que se atenue o natural desequilíbrio que se gera entre os
titulares dos órgãos cuja eleição está em causa, e todas as restantes
candidaturas que não dispõem do mesmo acesso a meios de exposição
pública”, vincou.Na resposta à CNE, o
executivo açoriano terá alegado que necessitava de publicitar os
investimentos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR),
mas a Comissão Nacional de Eleições concluiu que as publicações
analisadas “nada vincam o papel relevante do financiamento europeu nem
sinalizam o apoio financeiro do PRR e da União Europeia”, contendo
frases como “Governo paga a 100%”.A CNE
deixou ainda uma advertência ao Governo Regional para “que se abstenha,
no futuro e até ao final do processo eleitoral, de proferir declarações,
assumir posições ou praticar atos que, direta ou indiretamente,
favoreçam ou prejudiquem uma candidatura em detrimento ou vantagem de
outras, ou que de qualquer modo ponham em causa o cumprimento dos
deveres de neutralidade e imparcialidade a que estão obrigados”.Questionada
pela Lusa, fonte oficial do executivo açoriano disse que o Governo
liderado por José Manuel Bolieiro “vai recorrer da decisão da CNE”,
ressalvando que nesta fase será “cumprida a indicação da retirada das
publicações em causa da página da Internet do Governo”.“O
Governo dos Açores lamenta que o ato de informar os açorianos esteja
condicionado pelo entendimento enviesado do PS, de memória curta, pois
em 2020, nas vésperas do anterior sufrágio regional, o governo
socialista publicitou mais e com mais parcialidade, no entender dos
próprios”, acrescentou.A Lusa tentou também confirmar a queixa junto do Ministério Público, mas até ao momento não foi possível.