Clínica de Ponta Delgada rejeita promiscuidade no processo "Vale Saúde"
20 de dez. de 2019, 10:09
— Lusa/AO Online
“[Quando]
qualquer pessoa que é acusada de promíscua, não sendo, acho que qualquer
bom nome fica lesado. Estamos a estudar se há matéria para avançarmos
para um outro nível de atuação. Temos de reunir todos os dados e
eventualmente, havendo um pedido de desculpas público pela mesma pessoa
que o fez, eventualmente talvez se possam evitar outros futuros
transtornos”, disse o cónego Adriano Borges, um dos responsáveis da
clínica, em declarações aos jornalistas.Adriano
Borges falava após ter sido ouvido pela Comissão de Assuntos Sociais na
delegação do parlamento dos Açores em Ponta Delgada, em São Miguel.A
audição surge no âmbito de requerimentos do PPM e do PS, o primeiro “na
sequência da denúncia que a mesma fez a respeito da existência de
relações de promiscuidade entre o Serviço Regional de Saúde e os
privados que operam no setor”, e o segundo para “esclarecimento que se
impõe relativamente ao funcionamento e operacionalização do programa
Vale Saúde”.Em causa está uma notícia dada
pela RTP/Açores segundo a qual a Clínica do Bom Jesus, em Ponta
Delgada, não trata de todo o processo cirúrgico do programa "Vale
Saúde", embora receba 100% da verba atribuída pela região.Depois
desta notícia, PSD e PPM anunciaram pedidos de audição em sede de
comissão, tendo o PS/Açores também solicitado a mesma audição da
secretária regional da Saúde e da Ordem dos Médicos a propósito da
alegada "promiscuidade" na execução do programa.
Adriano Borges esclareceu que a convenção entre o Hospital de Ponta
Delgada e a clínica no âmbito do “Vale Saúde” se iniciou em 2011 e desde
então “foram realizadas 330 cirurgias”.“A
distribuição de valores no âmbito do ‘Vale Saúde’ é similar ao que os
médicos ganham com o programa cirúrgico praticado no espaço público”,
esclareceu. Adriano Borges frisou que a
clínica “não conhece os doentes”, nem tem o seu historial. Os exames de
diagnóstico realizados fora da instituição, acrescentou, decorrem
“apenas por falta de capacidade técnica” da instituição e são apenas
requisitados “após a avaliação pré-operatória do anestesista”. Os exames “são todos pagos pela instituição”.“Interessa-nos
é que o doente chegue à Clínica do Bom Jesus portador dos exames que
dizem que ‘este senhor pode ser operado’. Depois, o anestesista faz a
avaliação pré-operatória e se ele achar necessário manda realizar outro
tipo de exames. Mas, alguns destes exames são feitos na clínica e
noutras instituições, e não apenas no Hospital [de Ponta Delgada]”,
referiu.A entrada em funcionamento, no
final da década passada, do "Vale Saúde", "visou contribuir para a
redução das listas de espera cirúrgicas na Região Autónoma dos Açores,
através da fixação de uma resposta célere e eficaz", indicam documentos
oficiais.O programa, referiu anteriormente
o executivo regional, "não é um fim em si mesmo, mas um meio integrado
num processo com uma abrangência maior", o Sistema Integrado de Gestão
de Inscritos para Cirurgia da Região Autónoma dos Açores.