Clima tem de ocupar lugar central no financiamento do desenvolvimento
5 de mar. de 2024, 16:23
— Lusa
"Em qualquer área de
desenvolvimento, qualquer programa tem de conter disposições sobre mais
resiliência climática, temos de encontrar mecanismos inovadores de
financiamento, como a troca de títulos de dívida por investimentos
climáticos e obrigações verdes ou azuis para financiar o
desenvolvimento", disse Claver Gatete, referindo-se à emissão de dívida
com objetivos ambientais.Na conferência de
imprensa que assinala o encerramento da reunião dos ministros das
Finanças africanos, que decorreu até hoje em Victoria Falls, no
Zimbabué, o responsável defendeu que África tem de ter uma voz unificada
nos encontros internacionais em que se debate a reformulação da
arquitetura do sistema financeiro global e insistiu que o atual modelo
não serve os interesses de África.Respondendo
a uma questão da Lusa sobre o grau de confiança na realocação dos
Direitos Especiais de Saque emitidos pelo Fundo Monetário Internacional
para dar liquidez aos países mais necessitados, Claver Gatete mostrou-se
esperançado que os próximos Encontros da Primavera, em Washington,
possam ser um passo nessa direção."Só
podemos estar confiantes sobre aquilo que controlamos, nós só recebemos
4% do total dos 650 mil milhões de dólares emitidos pelo FMI, e o pedido
de África é permitir que o dinheiro seja realocado dos países mais
ricos que não precisam, para os bancos multilaterais de desenvolvimento,
que podiam alavancar as verbas recebidas por três ou quatro vezes",
explicou o líder da UNECA.Esta realocação
"podia resolver o problema agora” enquanto se procuram “soluções de
longo prazo, porque o Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento conhecem bem o negócio do
financiamento e são capazes de atrair mais dinheiro do setor privado e
emprestar a taxas concessionais aos países africanos", acrescentou
Claver Gatete.O responsável concluiu que
as propostas estão a ser apresentadas e que "a esperança é que nos
próximos Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial haja alguma
decisão sobre a direção que se pode seguir relativamente a esta
questão".A reunião dos ministros das
Finanças, a primeira desde que a União Africana ganhou um lugar
permanente no G20, serviu para definir a posição africana, que será
depois debatida no Fórum Regional Africano sobre o Desenvolvimento
Sustentável, em abril, e levada pela União Africana à Cimeira do Futuro,
em setembro, nas Nações Unidas