Classificação da vinha do Pico determinante para a recuperação
3 de jul. de 2024, 09:59
— Lusa/AO Online
Em
declarações à Lusa no âmbito da comemoração do 20.º aniversário da
elevação da paisagem da vinha do Pico a património mundial da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO, na sigla em inglês), a 02 de julho de 2004, Alonso Miguel
referiu que se assistiu a uma preservação deste espaço para a
“excelência de vinhos nesta área”.O
secretário regional do Ambiente e Ação Climática destacou os sistemas de
apoios criados pelos governos regionais ao longo de duas décadas e
destinados à produção e à manutenção da vinha por via do programa
Prorural (hoje PEPAC) e do POSEI, que, em 2023, totalizaram 1,9 milhões
de euros na ilha do Pico.Alonso Miguel
lembrou ainda os apoios para a manutenção das paisagens tradicionais,
que em 2023 “se aproximaram de 1,8 milhões de euros”.Em
2024, foram contemplados com incentivos financeiros para a manutenção
das paisagens tradicionais 416 beneficiários da ilha, visando a
manutenção de 869 hectares de vinha, o que “representa uma evolução
muito significativa para uma área recuperada sete vezes superior à área
em produção em 2004, que rondava apenas 120 hectares”, de acordo com o
governante.“No total, desde a criação do
programa, em 2004, que é agora gerido pela Secretaria Regional do
Ambiente e Ação Climática, já foram atribuídos cerca de 14,5 milhões de
euros em apoios a beneficiários da ilha do Pico”, disse.Segundo
Alonso Miguel, “felizmente foi possível inverter a tendência de
abandono da paisagem” e verifica-se um “cada vez maior número de jovens a
iniciar a sua atividade como produtores, com projetos consistentes e
maiores áreas”, o que “leva a uma diversidade e um aumento da qualidade
dos vinhos do Pico”.“A paisagem da cultura
da vinha da ilha do Pico não é apenas um testemunho de resiliência e de
engenhosidade humana. É também um símbolo da identidade cultural que a
todos nos orgulha, um extraordinário ativo para o desenvolvimento
socioeconómico da ilha do Pico e dos Açores”, afirmou.Também
em declarações à Lusa, a presidente da Câmara da Madalena, Catarina
Manito, recordou que a vinha do Pico foi o 13º local em Portugal com a
mais alta distinção atribuída pela UNESCO.A
classificação como património mundial, sublinhou, "foi algo que veio
valorizar o rendilhado lávico onde se produz dos melhores vinhos do
país".Catarina Manito considera que a
vinha é "parte integrante das gentes da ilha" e permitiu "valorizar
muito o território e o povo" – a atividade "ocupa uma parte muito
importante da economia do concelho da Madalena".A
autarca destacou que também com financiamento do Vitis, regime de apoio
à reestruturação e reconversão das vinhas, houve "uma grande
recuperação de vinhas que estavam abandonadas, para além da instalação
de novas empresas e revigoramento das já existentes".Catarina
Manito sublinhou ainda os prémios "alcançados em todo o mundo" com os
vinhos produzidos no concelho, que também assim se projetou.A
atividade vitivinícola no Pico terá tido o seu início com a chegada dos
povoadores à ilha no século XV. A paisagem da vinha ocupa uma área de
987 hectares, envolvida por uma zona tampão com 1.924 hectares. É
composta por uma faixa de território que abrange parcialmente as costas
norte e sul, e a costa oeste, tendo como referência o Lajido da Criação
Velha e o Lajido de Santa Luzia.