Cinemateca exibe filmes restaurados da geógrafa Raquel Soeiro de Brito
22 de fev. de 2023, 19:46
— Lusa
A sessão está
marcada para dia 18 e integra os filmes “Erupção vulcânica dos
Capelinhos, ilha do Faial” (1958), “Macau” (1960) e “São Tomé e
Príncipe” (1964), que foram restaurados e digitalizados pela Cinemateca,
no âmbito do projeto FILMar.Na
programação de março, a Cinemateca Portuguesa afirma que o trabalho
fílmico da geógrafa Raquel Soeiro de Brito, 97 anos, é “um cinema de
construção de identidades, porque capta o que a paisagem e as suas
múltiplas morfologias guardam”.A
Cinemateca justifica a digitalização daqueles três filmes por
contribuírem “para a redescoberta de um cinema de observação, de
interpretação e de questionamento sobre como pode a imagem servir de
mapa para a memória”. Raquel Soeiro de
Brito, geógrafa, “pioneira do cinema geográfico” e professora
catedrática jubilada, foi uma das fundadoras da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.Foi
a primeira mulher a doutorar-se em Portugal, em 1955, com uma tese
sobre a ilha de São Miguel, nos Açores, e é dela um estudo de relevo
sobre o vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, em 1957. Foi
lá que, integrada na equipa do geógrafo Orlando Ribeiro, registou
“Erupção vulcânica dos Capelinhos, ilha do Faial”, “que guarda imagens
da atividade vulcânica que se estendeu ao longo de mais de um ano” e
que, segundo a Cinemateca, regista imagens que ainda hoje são
“essenciais para o estudo da vulcanologia e das alterações geográficas
da ilha”.“Raquel Soeiro de Brito não
chamaria cinema aos seus filmes de estudo e registo de práticas e
mudanças humanas, naturais e geológicas. Mas é de cinema que se trata,
porque de uma mediação, através da câmara, de paisagens sociais e
morfológicas, depois traduzidas em ensaios, compreensão e estudos”,
escreve a Cinemateca na programação.A sessão com os três filmes terá acompanhamento musical ao vivo por Raw Forest, altergo da artista Margarida Magalhães.