Cinco, seis minutos no limite deram título olímpico a Iúri Leitão e Rui Oliveira
Paris2024
11 de ago. de 2024, 19:24
— Lusa/AO Online
“Tal
como tínhamos treinado, as últimas 25 voltas foram completamente ‘full
gas’. Foram cinco, seis minutos completamente no nosso limite. Não
tínhamos intenção alguma de olhar para trás. Nem sequer se tivéssemos
alguém na nossa roda. Nós tínhamos intenção de cavalgar para a frente”,
disse Iúri Leitão.Na estreia lusa
masculina na pista, Iúri Leitão e Rui Oliveira juntaram-se a Carlos
Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e Pedro Pichardo, todos
campeões olímpicos no atletismo.Depois da
medalha de prata de Iúri Leitão no omnium, a dupla lusa somou 55
pontos, nas 200 voltas à pista do Velódromo Saint-Quentin-en-Yvelines,
mais oito do que a Itália, com Simone Consonni e Elia Viviani, segunda
classificada, enquanto a Dinamarca, com Niklas Larsen e Michael Morkov,
terminou no terceiro posto, com 41.Apesar de estar perante adversários mais experientes, Iúri Leitão assumiu que “estava confiante que podia derrotá-los”. “A
cerca de 60 e algumas voltas eu disse ao Rui que tínhamos que atacar. E
a frase do Rui foi ‘calma, eles têm que se matar primeiro e, depois,
nós arrancamos e vamos dar a volta a isto’. E eu... ok. É mesmo isso.
Esperámos, esperámos, esperámos” até ao momento certo para atacar,
explicou.No sprint 18, a faltarem 20
voltas, os portugueses atacaram para somar cinco pontos, mas acabaram
por se isolar, sem que ninguém os perseguisse.“Fiquei
muito espantado e aí percebi que se eles abriram a roda e eu estava a
abrandar, isto vai ser nosso. E eu continuei e disse ao Rui ‘agora vamos
aplicar aquilo que sabemos’. E não parámos mais e, lá está, nós
continuámos sempre sem olhar para trás. Não nos importava se tínhamos
alguém atrás de nós. Nós só queríamos voltar a chegar à posição um,
dobrar todos os ciclistas, não só chegar ao grupo maior”, descreveu. Quando
chegaram à frente, com dois pontos de vantagem, a faltarem 10 voltas e o
último sprint, Iúri Leitão pediu a Rui Oliveira para ter calma e marcar
os italianos, que tinham “dois sprinters exímios”. “Eu
disse-lhe ‘vamos controlar a Itália, porque vamos conseguir ganhar
isto’. Eu programei a minha última parte ‘off’, ou a descansar, digamos
assim, para render a uma volta e meia. Entrei a uma volta e meia, tentei
fazer o máximo de força possível no braço para ganhar o máximo de
inércia, agarrei o guiador com as duas mãos e pensei ‘esta não me
escapa’”, referiu.Depois de atacar a cerca
de 160 voltas do final, para somar três pontos, Iúri Leitão assumiu que
pagou “um pouco o esforço”, devido à fadiga de quinta-feira da prova de
omnium, que “acabou por se mostrar”.“Eu
avisei o Rui que não estava no meu melhor dia, mas isto não é uma
corrida só de um ciclista, é uma corrida de dois. E se eu no final
consegui ir buscar forças onde não as tinha foi muito pelo Rui, porque
não estou a correr só por mim, estou a correr por ele também e ele só
teve uma oportunidade de competir, eu tive duas. E não é justo da minha
parte deixá-lo ficar mal, deixá-lo na mão. Enfim, ele merece todo o
reconhecimento e todo o respeito. Ele é um dos ciclistas que mais me
ajudou a crescer, ele e todos os meus colegas do resto da seleção. E eu
tinha que fazer das tripas coração para conseguir entregar este
resultado e muito disto é por ele”, admitiu.