Cinco em 10 jovens adultos têm interesse pela política
28 de jun. de 2024, 10:47
— Paula Gouveia
Apenas cinco em cada 10 jovens adultos manifestam algum ou muito interesse pela política.A
conclusão pode ser retirada do estudo desenvolvido pelo Observatório da
Juventude dos Açores, a pedido da Secretaria Regional da Juventude,
Habitação e Emprego, através da Direção Regional da Juventude, e que é
hoje apresentado no II Seminário DemocraciAZ, em Ponta Delgada.Para a
realização do estudo, foram inquiridos 1170 jovens (579 na faixa etária
entre os 12 e os 17 anos e 591 jovens com idades entre os 18 e os 30
anos). E, de acordo com a informação disponibilizada pelo gabinete da
secretária regional da Juventude, Habitação e Emprego, cerca de 39,1%
dos jovens entre os 18 e 30 anos que responderam ao questionário
manifestaram algum interesse pela política, a que acresce 8,5% de
inquiridos com muito interesse. Já os jovens entre os 12 e 17 anos que
responderam do mesmo modo ficaram-se pelos 33,9% (29,2% têm algum
interesse e 4,7% muito interesse), o que para o executivo açoriano
significa que o interesse pela vida política aumenta com o aumento da
idade dos jovens açorianos.Segundo a mesma fonte, dos jovens que
expressam ter muito interesse pela política, 54,9% (12 aos 17 anos) e
40% (18 aos 30 anos) expressam algum grau de satisfação positiva com o
funcionamento da democracia no país, o que revela que, “quanto maior o
interesse pela política, maior a tendência para expressar satisfação com
o funcionamento da democracia”, salienta a tutela.Sobre a intenção
de votar, 62,9% dos jovens inquiridos na faixa etária dos 12 aos 17 anos
assumiu disponibilidade para votar quando tiver idade para votar,
enquanto 27,8% estão indecisos ou não respondem à questão, sendo que
9,4% dos jovens assumem não ter mesmo qualquer intenção de participar na
escolha dos representantes políticos.No grupo etário dos 18 aos 30
anos, mais de metade dos inquiridos (53,5%) refere ter votado nas
Eleições Legislativas Nacionais em 2022; e 17,6% não tinha idade para
votar ou não estava recenseados. Ora, para o governo regional,
“considerando que a abstenção geral nos Açores nas eleições legislativas
de 2022 foi de cerca de 63,3%, podemos inferir, por este estudo, que a
taxa de abstenção jovem nessas eleições foi inferior à abstenção geral”.Quase dois terços dos jovens sem prática associativaNo
associativismo, destaca-se o elevado número de jovens sem qualquer
prática associativa: cerca de metade dos jovens com idades entre os 12 e
os 17 anos (48,9%) e quase dois terços dos jovens na faixa etária dos
18-30 anos (64,6%) não pertencem a nenhuma associação.O
associativismo desportivo apresenta maior expressão nos dois grupos
etários, embora de forma mais expressiva na faixa etária mais jovem:
33,5% dos jovens entre os 12 e os 17 anos e 14,4% dos jovens na faixa
etária dos 18-30 anos indicou pertencer a associações desportivas.No
grupo de jovens entre os 12 e 17 anos, as formas de associativismo que
têm maior adesão, a seguir às de caráter desportivo, são as associações
religiosas (16,4%), o escutismo (9,8%) e os grupos musicais/ bandas
filarmónicas (8,9%). No caso dos mais velhos (18-30 anos), o tipo de
associativismo que surge depois do associativismo desportivo, é o ligado
à música (grupos musicais, bandas filarmónicas com 9,4%); os grupos de
natureza cultural, artística ou de lazer (7,7%); os partidos políticos e
os grupos religiosos (ambos com 6,7%).A secretária regional da
Juventude, Habitação e Emprego, Maria João Carreiro, considera que este
estudo é essencial para a definição do DemocraciAZ – Plano Regional para
a Literacia e Participação Democrática Jovem: “as conclusões do estudo
desenvolvido pelo Observatório da Juventude dos Açores vão servir como
referencial para a definição dos objetivos operacionais do DemocraciAZ, a
par de outros contributos, como os das entidades públicas, da sociedade
civil, incluindo a comunicação social, e dos próprios jovens e das suas
associações representativas”. Está a decorrer
hoje, entre as 10h00 e as 16h30, no Forte de São Brás, o II Seminário
DemocraciAZ com o tema “Educação e Literacia Mediática”, onde estará em
discussão o combate às fake news, o papel dos media na educação
mediática, e ainda inteligência artificial e hábitos de segurança e
higiene digital.